sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Como já deu para perceber

O cansaço tomou conta de mim.
Por isso, com a vossa licença, parto para uma semana de férias. Vão ser em casa e sem o marido (que tem que trabalhar porque está no novo emprego há pouco tempo), mas acho que vai dar para carregar baterias.
Assim sendo, e porque o mais provável é que só nos voltemos a ver no novo ano, aqui fica um beijinho para as visitas da casa e os desejos de um 2009... hmmm... feliz. Sim, feliz. Feliz parece-me bem!

Apre

Estou farta de esperar, farta de acreditar, farta de ter pensamentos positivos, farta de ver bebés na televisão, de olhar para bebés nos carrinhos guiados por outras pessoas que não eu, farta de ver barrigas que não a minha, farta de ficar na plateia a assistir a ecografias que não ao meu ventre... Estou farta de esperar. Farta deste ano que tinha começado com tantas esperanças. Farta. Cansada. Tenho medo de voltar a acreditar no novo ano e de me estampar uma vez mais. Sobretudo, estou farta de mim assim.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Como não podia deixar de ser

Eis-me novamente, mas agora para desejar a todos os que visitam esta casa um Natal quentinho e recheado de surpresas. E, se por um mero acaso avistarem este Pai Natal, digam-lhe para não se esquecer de mim. Sim?
Beijinhos.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

No news, good news?

Nada disso.
Sem notícias até hoje porque na caixa de correio só recebemos contas da luz, correntes de amizade e publicidade, apesar do autocolante anti-pub que consta do lado de fora!
Assim sendo, ainda sem recepcionar o maldito envelope do hospital, seguimos na espuma dos dias com duas ansiedades: a de dar início ao que vocês já sabem e a do Natal que está quase, quase, quase a chegar. UhUh!!!
Antes, porém, um presente meu no vosso sapatinho: The Killers, "Human".

Wave goodbye, wish me well!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Onde é que eu ia?

Na parte do resultado dos exames que o rapaz foi fazer há quatro semanas e que era suposto já ter chegado há uma? Pois bem. Do hospital continuam a dizer que o envio ainda não foi feito porque os resultados ainda não estão prontos.
- Escusa de ligar mais porque vão seguir para sua casa.
- Mas na semana passada disse que ao fim de três semanas, no máximo, já teria isso comigo.
- Houve atrasos não apenas com o seu, com todos... Por isso, em vez das três semanas estão a demorar quatro. No máximo.
Por favor, alguém explica a esta alminha(que a nós ela não percebe) que a seguir ao 3 vem o 4? E que se há 7 dias, já contávamos 3 semanas de espera, logo, nesta - zaraaaaaaaaaam - já são 4!
Socoooorro.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Arrepiada

Por causa deste post do Nuno Markl.


E assim chegou o momento mais importante de toda a minha vida.
De repente, é relativo. Os meus orgulhos exacerbados por algumas coisas que escrevi, a ânsia com que falo de cada novo projecto em que me meto, os imbecis que aqui me vêm insultar porque não têm nada mais que fazer; de repente, tudo fica do tamanho de - vamos lá - um pistachio, quando acontece uma coisa destas. Não, um pistachio não. Um pinhão. Meia casca de pinhão. Sem o pinhão dentro. Pronto: um ácaro.

Vou ser pai.

E sim, é por isso que me ando a desleixar aqui no estaminé. Há meses que ando com esta felicidade cá dentro que, finalmente, depois de uma ecografia incrível que fomos ontem fazer (e sim, foi por isso que não estive na FNAC do Almada Fórum na apresentação do DVD d' Os Contemporâneos), pode contaminar aqui o estabelecimento e o mundo em geral.

Eu e a Ana vamos ser pais de um rapaz (foi ontem que ficámos a saber o sexo da nossa little creature), um mini-Galvão-Markl que, com seis centímetros e trinta, é a obra maior das nossas vidas (no meu caso, destronando assim coisas como O Homem Que Mordeu o Cão, o Herman Enciclopédia ou Paraíso Filmes. Eh eh eh!). Dizer que estamos felizes é um understatement; eu nem sei que nome tem isto que eu tenho andado a sentir, enquanto partilho esta aventura com a mulher que amo incondicionalmente, enquanto vejo a barriga dela crescer, centímetro após centímetro, e os vestidos que ela usa no Jogo Duplo cada vez a conseguirem esconder menos as evidências - o que se tornou, entretanto, num passatempo divertido aqui por casa, ao serão, a cada transmissão do concurso. "Spot the belly" seria um bom nome para o jogo.

É uma grávida linda, deslumbrante, a minha namorada. (Cruzo os dedos - todos: das mãos, dos pés e talvez até os dedos dos meus vizinhos! - para que o moço saia a ela e espero que Deus Nosso Senhor, a existir, tenha piedade dele ao nível do nariz e não ponha o meu, preguiçosamente, na fotocopiadora.)

Ontem, mais uma vez, ouvimos o coração do petiz. É música para os nossos ouvidos. Estas novas máquinas de ecografia são verdadeiros milagres, o tipo de coisa que eu julgava que existiria apenas na ficção científica. Vimos-lhe os braços, as mãos, as pernas, os pés, os dedos, a coluna, o cérebro; vimo-lo em três dimensões, remexendo no cordão umbilical. Tem doze saudáveis semanas.

É o meu filho.


Há uns tempos, ainda nada disto tinha acontecido, revistas mostraram-se interessadas em obter o exclusivo da notícia de uma eventual gravidez. Acontece que, com todo o respeito pelos jornalistas e pelo seu trabalho, acho que roça o obsceno oferecer um exclusivo disto a quem quer que seja que não tenha contribuído para o fabrico desta little creature. Quem tem de ter um exclusivo da divulgação de uma notícia destas são os pais, caramba. Mais ninguém. E é por isso que, antes de dizer o que quer que seja a quem quer que seja dessa tão máquina tão pouco romântica que são os media, achei por bem deixar a novidade primeiro aqui no bom velho estaminé. Pedindo-vos compreensão para a eventualidade dos posts passarem a ser menos frequentes - a minha mente tem de estar liberta para tudo o que esta épica aventura implica. Quero estar em todas as ecografias, quero estar perto da minha namorada para o que der e vier, quero preparar-me para todas as fases desta experiência impressionante. E quero continuar a trabalhar, não só porque estou feliz com o impacto d' Os Contemporâneos, o lançamento do DVD, o anúncio da terceira série, mas porque, de repente, com uma reviravolta destas na vida, um tipo fica com a incrível sensação de que boa parte daquilo que fizer a partir de agora é para o bem daquele mini-me.

Que Natal este. É para alturas destas que se inventou a expressão "festas felizes". Resulta melhor do que estampada nas montras das pastelarias, digo eu.


Lindo.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Nada na manga

O esperado aconteceu no sábado e desta vez abateu-me, confesso, mas aos poucos vou erguendo o corpo e a cara.
Boa semana.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Bom fim-de-semana

A senhora do centro de genética disse ontem que o resultado do exame vai seguir via postal directamente para nossa casa. O problema é que, com os feriados e outras tretas que tais, houve atrasos e não ficou pronto dentro do prazo previsto. Ao que tudo indica, deve chegar na próxima semana.
No que me diz respeito, aguardo a chegada do melga ressentindo-me desde já de algumas dores nos rins.
Nada que um trifene e um fim-de-semana alargado não curem!
Beijinhos

P.S. Drikas, o post dos sonhos não está esquecido, aguarda apenas que eu consiga condensá-los em cinco alíneas!!!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Com a cabeça entre as orelhas

Respondendo à pergunta desta miúda: não, ainda não tenho novidades, mas também a chegada do dito só está prevista para amanhã. Isto a avaliar pelas contas do mês passado em que o melga se apresentou ao serviço com uma semana de antecedência.
Sobre os exames do meu rapaz, termina hoje o prazo para o envio da papelada. Devem estar a caminho. Sabê-lo-emos. Sabê-lo-ão.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Bom dia

Era tão bom que estes enjoos quisessem dizer algo mais...
(Mas as dores nos rins já cá estão)

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Bom fim-de-semana

Hoje, a homenagem a blogs open-minded como este em que se fala sem pruridos de sexo, ovulações, bebés, partos, papa-nicolaus, histerosalpingografias, trompas obstruídas, folículos, períodos e Mr. Reds, rolhões mocosos...
Uma homenagem às nossas pessoas feita por um homem que, no próprio nome, ostenta os pesos da coragem e do prazer.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Costas pouco...

Contrariamente ao que diz o sábio povo, enquanto o pau vai e vem, as costas da rapariga que vos escreve não têm folgado. As costas, as mesmas que estão voltadas para os bebés, ressentem-se agora do colchão da cama ou da almofada ranhosa. Dizem-me que há ali qualquer coisa que não bate certo.
A almofada que me acompanhou nestes quase três anos de casada já foi trocada por uma toda moderna, ergonómica, pesadona, recheada de tubos de plástico e que até ao momento tem demonstrado ser competente. Mesmo assim, as costas continuam a espicaçar-me. Imagino que agora estejam a denunciar o colchão, mas a esse vai ser mais difícil dar um chuto no rabo. Vou ver se arranjo uma das campanhas «troque o seu velho colchão por um novo» porque não me apetece muito andar por aí a deitar dinheiro fora.
A propósito, lembro-me agora daquele anúncio num jornal centenário que, distraidamente, deixou passar uma gralha fatal e a pretensa publicidade a "colchões de molas" acabou por ser alvo de chacota só porque o segundo "c" ficou pelo caminho. Acontece.
Adiante. Sobre as costas...
Para ver se dão mais uns dias de descanso lá vou voltar ao final da tarde ao único homem que me bate e que ainda recebe por isso só porque à coça dá o nome de shiatsu.
De resto, continuamos a aguardar.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Novamente a aguardar

Contrariamente ao que seria de supor, quis o destino que a sexta-feira passada terminasse mal. A boa notícia da chegada da autorização do hospital dissipou-se depois daquele telefonema em que ficámos a saber que a casa dos meus pais tinha sido assaltada. Foi cirúrgico, planeado e feio, muito feio. Felizmente eles não estavam em casa. As perdas materiais reparam-se...
Mesmo assim, os dias seguiram-se num misto de raiva, revolta, pena e medo.
Por isso, depois dos procedimentos com polícia, seguradoras e outras que tais, lá se arranjou um espacinho para o exame. Está feito. O sangue necessário para sabermos o que falta já está no sítio certo.
O resultado chega dentro de duas a três semanas.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Na mouche

O título da música que escolhi no post anterior.
É que neste preciso dia - "This is the day" -, o meu querido marido conseguiu falar com a médica do hospital que se prontificou a tratar pessoalmente do "papel, que papel, papel que papel".
Entretanto, há coisa de dois minutos, o telemóvel dele tocou com a boa notícia de que a autorização está pronta e à espera de ser levantada!!!
Conseguem imaginar os sorrisos que se rasgaram nas faces destas duas criaturas?
THIS IS THE DAY!!!

This is the day!!!

Sexta-feira. Os «The the» vão abrindo caminho.

Bom fim-de-semana.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Deus existe

Aviso prévio: Não gosto da maioria dos filmes em que Jude Law entra.
Não gosto porque se nota bem que ele percebe o potencial físico que carrega. É aquele não gostar dos armantes, dos peneirentos, dos que têm a mania e que fazem muitas poses, boquinhas e exibem tiques Marilynescos. Foi por isso que o «Closer» não me caiu bem.
As excepções são o «ExperienZ», «O Talentoso Mr. Ripley» e este «Alfie e as mulheres» que vi pela primeira vez esta semana no Hollywood.
A bem dizer: ver, ver - ver o filme -, não é a expressão mais correcta. Em abono da verdade se diga que vi a baba a escorrer pelo chão de casa. Foi mais isso. Não se faz!
Assumidamente lindo de morrer e consciente dessa qualidade, o actor flirta com todas as mulheres que lhe aparecem no filme e ainda tem o descaramento de flirtar constantemente com a câmara, ou seja, com as vítimas que, como eu, são apanhadas pelos encantos daquele solteirão empedernino que repara no que aos outros habitualmente passa ao lado. No corte do cabelo, no vestido novo...
Um escândalo.
A página da revista em que estava quando comecei a ver o filme, foi a mesma em que fiquei quando corajosamente virei as costas ao «Alfie» por já me encontrar em dívida com o sono.
Enfim...
Deixemos que as reticências falem por mim...
Isso e as imagens, sobretudo para as mais cépticas. Como eu!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Tenho dito

Continuamos parados em frente ao tal muro do Serviço Nacional de Saúde porque, afinal, o dito chefe de serviço que parecia muito expedito, acabou por dar a mesma resposta: "O pedido já foi feito ao hospital. Agora tem que esperar que a carta chegue". E é o que estamos a fazer, but not for long.
Já decidimos (lá estamos nós a tomar decisões aos molhos) que até ao final da semana vamos ligar para a treta do hospital para saber quanto tempo ainda teremos de esperar e, se vier aquela resposta parva do "Depende dos casos" ou do "Só um mês? Isso não é nada", avançamos para o privado. Rest my case.
Parece que não, mas desde que tudo começou já passaram quase dois anos e agora estamos à espera de quem-vem-nunca-mais-chega.
Sendo assim, aguardamos. Mas não por muito mais tempo!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Esclarecimento

Para que conste: As pernas peludas da foto do post de baixo não são minhas!!!

Saudades do Verão


Tantas...
Brrrrrrr

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Mais uma volta, mais uma viagem

Um mês depois da primeira consulta, o meu querido atirou-se novamente aos corredores do centro de saúde para confrontar a médica, a tal nova e gira, que lhe garantiu que estava tudo tratado e que o P1 já estava a caminho. Pois a tal médica nova e gira não deve ter muitos mais atributos porque, afinal, não tratou de nada. Imaginem! Ainda bem que eu não estava presente, garanto, se não ia ser lindo... (Inspira. Expira)
A sorte é que o meu marido prima pela serenidade e assim tem conseguido levar o barco dele a bom porto. Assim sendo, depois da resposta parva da médica de família, seguiu racionalmente em busca do superior dela, o chefe de serviço do centro de saúde que o recebeu prontamente e, pelo que me foi dado a perceber, deu ares de avançar com o que falta com a celeridade necessária. Posto isto, daqui a pouco lá voltaremos (eu prefiro ficar a vingar-me na loja da frente) para entregar uma vez mais a documentação (Papel? Que papel? O papel.) e ficar a acreditar que desta é que é.
Apre que a criança ainda nem à barriga chegou e já está a ser arrancada com fórceps!

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Alma

Nada de carta do hospital, nada de exames, nada de tratamentos. Nada de tudo.
Estagnámos. Estancámos. Embatemos em mais um obstáculo e lá continuamos como os bonequinhos dos jogos, a dar passos em frente, mas sem sair do lugar porque embatemos num muro e não encontrámos ainda a tecla que nos vai fazer saltar e passar de nível.
E o jogo ainda nem sequer começou.
O alento também conheceu melhores dias. Tiraram-mo esta semana e por questiúnculas de trabalho, imagine-se! Um tema que deveria ser de somenos importância, mas não é, sobretudo quando se dá o melhor que se pode e sabe numa nova missão, quando os de fora nos congratulam pelo resultado e, ao contrário do que seria de esperar, se leva uma lapada daquelas bem dadas nas trombas com frases como: "falta alma ao trabalho!". "Então falta tudo", ripostei. "Não", explicaram-me, "o balão não está vazio, se não não havia trabalho". Mas falta-lhe a alma. É a frase do momento no meu consciente, inconsciente e subconsciente. É ela que me atormenta nos últimos dias. Isso e saber que posso não ser capaz de encontrar a tal alma que me pedem.
Já recebi 30 mil explicações para o que foi dito, mas nenhuma suficientemente eficaz para me devolver a leveza.
Lá chegarei.

Bom fim-de-semana.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Robinsons Crusoe

Com as barbas que entretanto ganhámos já estamos habilitados a participar num filme sobre náufragos esquecidos em ilhas desertas.
A carta com a autorização do hospital parece estar como esta encomenda. Extraviada.

Aguardamos.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Verde, da cor da esperança

O final da semana vem com o tradicional balanço.
Lá por casa está tudo tranquilo e ficou mais ainda depois de a médica de família ter respondido à chamada e revelado que a carta com a autorização do hospital Pedro Hispano para a realização dos tais exames estava a caminho. Depois, só há que fazer a devida recolha de sangue e esperar pelos resultados para, por fim, podermos agendar a conversa que vai definir o calendário do tratamento.
Enquanto isso, e pela primeira vez neste ano e picos de tentativas, recebi os dias difíceis com a naturalidade de quem já sabe com o que conta. Parece que tudo ganhou nova cor. Dizem que é verde, a da esperança, talvez seja. Sei apenas que agora já não há cálculos aos dias e às horas, pastilhas, temperaturas, nem testes de gravidez aos primeiros 30 segundos de atraso menstrual. Já nem sequer me dou ao trabalho de saber se ovulo ou não.
É que depois de me ser anunciado que o alcançar do nosso objectivo dificilmente passará pela cama, a vida a dois voltou a fazer-se como se impõe, em função do nosso quotidiano, das nossas experiências e, acima de tudo, das nossas vontades. Já não é preciso esperar para “investir” em força em certos dias, nem andar a “investir” a torto e a direito, sobretudo porque estes são tempos de crise!
Agora é quando queremos e podemos porque ficámos sem o peso de ter a descendência dependente dos nossos devaneios. Os herdeiros virão seguramente, mas pelas mãos de rigorosos métodos científicos, com múltiplos óvulos e super-espermatozóides escolhidos à lupa, embriões bonitos e bem depositados na confortável barriga da mamã. Campeões do mundo para os nossos braços.
Por isso, o equilíbrio natural lá de casa foi resposto, porém, com um novo lema: A cama para a diversão, a seringa para a procriação.

E assim aguardamos tranquilamente.

Bom fim-de-semana.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O entrave da praxe

Continuamos sem ter muito para contar porque, afinal, como se esperava, isto da Saúde Pública é mais o Serviço Nacional do Desespero.
Na consulta de há uma semana com uma médica de familia "nova e gira", o nosso caso foi-lhe apresentado com todo o pormenor para que pudesse dar o devido seguimento. Mas à questão: "Doutora, o que é o cariotipo?", a resposta: "Não sei, não me lembro". Muito mais confiante face ao conhecimento clínico demonstrado, o rapaz prosseguiu pedindo o simples P1 para a consulta no S. João. Entrave - "Papel? Que papel? Papel?" -, o clássico entrave.
Por estarmos registados num centro de saúde adstrito ao hospital Pedro Hispano, há um imbróglio que só deve estar resolvido lá para Novembro. Isto porque o centro de saúde tem de enviar ao nosso hospital o pedido de autorização para a realização dos exames que apenas se fazem na outra unidade. Depois, "nunca antes de um mês", a resposta surgirá.
Não é fácil, isto de haver hospitais com personalidades tão vincadas. Parece que levam a mal se os preterirmos...
Mesmo assim, a doutora, a tal "nova e gira", prometeu tratar do caso e telefonar amanhã com uma resposta. Vamos ver se vem o telefonema e também a resposta.
Quanto aos resultados dos outros exames vão chegando a conta-gotas e, pelo que tiramos de letra do «mediquês», está tudo normal. Além disso, é giro saber que as escarafunchadelas dos médicos, por mais invasivas e humilhantes que sejam, conseguem ter nomes técnicos possantes.
Aguardamos.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Estamos bem

O bicho mau (e feio) já se escapou dos nossos corpos à força de muita actividade sanitária. Terá sido levado na torrente accionada pelo furacão autoclismo e deixou-nos esparramados de desgaste físico.
Os primeiros resultados dos exames começaram ontem a chegar à caixa do correio e, a avaliar pelos parâmetros, parece estarem dentro da normalidade. Se bem que não haja grande diferença entre olhar para aquilo ou para o «Pravda». Diria que nem a D. Alcina Lameiras, que não nega uma ciência que à partida desconhece, seria menina para adivinhar o que ali é mencionado. Vale-nos o facto de não ter asteriscos, esses pontos finais despenteados que costumam indicar anomalias.

Bom fim-de-semana.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O bicho mau

Enquanto o resultado dos exames não chega, repartimos não só a ansiedade, mas também as maravilhas de um vírus chamado gastroenterite. Essa coisa que só me lembro de me ter sido apresentada no dia em que os meus sobrinhos passaram a frequentar estabelecimentos de ensino e que já me invadiu por diversas vezes e de inúmeras formas. Todas elas desagradáveis, exceptuando o facto de baixar uns números na balança. Porém, o tom acinzentando com que reveste a pele faz com que o único benefício não seja suficiente para haver lucro neste negócio.
Pois bem, desta vez o safardana apoderou-se de mim depois do contacto com a filha de um amigo meu. Toquei-lhe com uma carícia na face (e foi esta a paga), o meu sobrinho também lhe tocou, mas provavelmente com um sopapo nas bochechas, e o meu rapaz tocou-me a mim. Foi precisamente por esta ordem que o bicharoco passou pelas nossas portas de entrada. Estive de molho de sábado para domingo, o pequenito de domingo para segunda e hoje foi a vez de o meu marido se juntar ao grupo de imitadores da criancinha do Poltergeist: Engole chá, devolve-o. Engole água, devolve-a. Bolachinha de água e sal, aqui vai ela. Só falta aprender a girar a cabeça.
E assim vamos, com a cabeça entre as orelhas, por enquanto. Dá para distrair. Enquanto esvaziamos as vísceras, libertamo-nos dos males e esquecemos o resto.
Continuamos a aguardar serenamente, mas agora com mais idas à casa-de-banho!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

E dura, dura, dura...

Os exames continuam.
Já só faltam os tais que servem para avaliar se houve alguma alteração genética: o cariótipo e a microdelecção do cromossoma y. E faltam esses porque descobrimos que se forem feitos em clínicas privadas custam 400 euros. 400 euros!!! Se não houvesse outro remédio, lá teríamos que puxar os cordões à bolsa, mas como a necessidade sempre aguçou o engenho, descobrimos que o hospital de S. João realiza os mesmos exames pela módica quantia da taxa moderadora. “Um euro e tal”, disse a telefonista do serviço de genética da dita unidade hospitalar. Para isso, o rapaz só necessita do famigerado P1 e, assim que o tiver, pode deslocar-se a qualquer hora ao S. João e fazer a recolha de sangue que também não obriga a qualquer tipo de preparação.
O problema é que para se pedir o tal P1 (“Papel? Que papel? Papel? Que papel? O papel.”) é preciso estar inscrito no centro de saúde, coisa que, o meu cachopo não estava. Não estava, disse bem – não “estava” –, até hoje de manhã porque agora já faz parte dessa grande família que abraça os beneficiários do Serviço Nacional de Saúde.
Mesmo assim, o P1 só deve ser passado de hoje a uma semana (“Papel? Que papel? Papel? Que papel? O papel.”), depois da consulta com a médica de família. Aguardamos tranquilamente.

Bom fim-de-semana.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O esternocleidomastoideu

Os exames a que o meu miúdo se tem submetido são, de longe, bem mais difíceis do que os do Vasquinho da Anatomia. Qual esternocleidomastoideu!
Ontem foram mais dois: Um ecodoppler ao escroto e uma ecografia prostática trans-rectal prostática. Doppler, escroto, prostática e Trans-rectal, leram bem.
Nem sequer sabia o que aquilo significava, nem quis saber, mas por temer que fosse doloroso, acho que estava mais nervosa do que ele e consegui ficar ainda mais quando o vi ser levado pela assistente do consultório.
Saiu cerca de dez minutos depois e vinha com o sorriso do costume, apesar de admitir que tinha "custado um bocadinho".
Está feito. Ufa.
Os resultados estão prontos no dia 24. Antes, porém, o médico que o examinou já disse que está tudo bem!
Boa.
Amanhã a saga continua com análises ao sangue.
Depois só falta o cariótipo e a microdetecção do cromossoma Y para avaliar se houve alguma alteração genética que possa justificar os resultados do primeiro espermograma.
Ah! E por falar nisso... O próximo espermograma é já na segunda-feira.
E se provas faltassem desta nossa vontade de ser pais, a estocada final tinha sido dada ontem pela minha pessoa. Afinal, quantas mulheres compram «GQs» para os maridos? Ah pois é! Comprei e devo ter deixado a rapariga da loja cheia de pontos de interrogação. É que além da revista masculina, para ele, lá iam mais duas publicações de receitas culinárias. Tudo a ver.
Foi a primeira vez que lhe comprei uma revista cheia de garinas semi-despidas e espero, sinceramente, que tenha sido a última. Mas o acto de segunda-feira assim o obriga. E é a «GQ», não é a «Gina»!
Adiante.
Assim, à boa maneira adolescente e na ausência da minha presença, pode ser que o miúdo não se sinta tão intimidado com as paredes brancas da casa-de-banho do consultório!!!
No presente momento, a minha esperança reside nas capacidades da Helena Coelho.
Se bem que, agora que penso nisso, não tem muita piada concluir que parte do nosso filho possa ser fruto de um pensamento libidinoso em relação a outra mulher que não a santa mãezinha dele.
Hmmmm... Pensando bem... Acho que na segunda-feira vou trocar-lhe as voltas e as revistas. Acredito piamente que ele, tal como eu, consiga satisfazer-se plenamente com fotografias de pudins e de pargos no forno.

Bom fim-de-semana.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Aguardamos

O silêncio tem-se prolongado por falta de assunto e não por falta de vontade de cá vir. Aguardamos. É isso que se passa.
Entre a marcação de exames e as chamadas recebidas a adiar outros, aguardamos.
O rapaz já foi ao andrologista e, apesar do desconforto causado pelos actos médicos a que a consulta obrigava, parece estar tudo normal. Deixou o consultório com três requisições na mão. Uma para exames ao sangue, outra para ecografias e outra ainda para um estudo num centro de genética.
O espermograma que devia ter sido feito hoje foi, afinal, adiado para segunda-feira devido a um problema com o microscópio. Bah.
Enquanto isso, aguardamos. Serenamente.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Bom fim-de-semana

Para encerrar a jornada laboral aqui fica uma das músicas que tão gratas recordações me traz. Sorrio sempre que a ouço. Mesmo que sejam seis da manhã. Lembra-me o meu querido amigo Vasco que se foi cedo de mais. Um dia falo-vos dele, um dos meus anjos da guarda, uma das estrelas que avisto no firmamento.
Mal sabia, aos 17 anos, que a música que então escutávamos juntos, seria a música que para sempre nos uniu. «Stars».

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Nó cego


Ele já me explicou que é ansiedade. Disse que é o verdadeiro nó na garganta.
Talvez seja.
É estranho. É novo.
Apesar do alívio resultante da consulta de segunda-feira, ando há uns dias com uma sensação de asfixia. Sinto qualquer coisa entalada na garganta, como quando engolimos um alimento, em vez de o mastigarmos.
Por isso, o aperto na zona do tórax e a voz à beira da afonia.
Ele diz-me que é ansiedade.
Talvez seja.
Pelo sim, pelo não, uns chazinhos e copos de água extra para ver se o alimento desce ou o nó se desfaz.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Post it

Mais

Foi ontem o dia da esperada, desesperada, ansiada, exasperada consulta de infertilidade. Correu bem. Muito bem, diga-se. Foi a primeira de muitas.
Uma vez mais com os envelopes das análises na mão, mas agora acompanhada, entrei no mesmo consultório da semana passada para ser recebida por um simpático senhor doutor de bigode. Foi sorridente, amistoso e sempre disponível para traduzir qualquer termo mais técnico que fosse surgindo na conversa. E surgiram muitos.
Confirmou aquilo que já sabíamos, que os números do espermogramas não são maus, "são péssimos", e que engravidar naturalmente seria praticamente impossível.
O meu rapaz ficou com um ar sério, pesado e com um semblante de quem carregava uma tonelada de responsabilidade por aquela infertilidade. Enquanto limpava a testa dos suores nervosos perguntava sofregamente: “E há alguma coisa que eu possa fazer?”.
O “não” que se seguiu deitou-o quase por terra, até que o médico o salvou do iminente desabamento explicando que “naturalmente” não há nada a fazer, mas com recurso a ICSI* (Intracytoplasmic Sperm Injection. Traduzido: Injecção Intracitoplasmática de Espermatozóide) tudo vai ser simples. E assim vai ser porque, apesar de tudo, “há gâmetas”. E a idade ajuda!
“Então está confiante, doutor?”, perguntei-lhe. “Estou, completamente confiante”, respondeu. “Se não for à primeira, é à segunda”, acrescentou com a certeza de quem olha nos olhos.
Os nossos sorrisos rasgaram-se. Os suores na testa foram desaparecendo, assim como os receios.
A caminhada ia começar.
Primeiro, um novo espermograma para confirmar valores, depois uma consulta de andrologia para perceber causas, seguida de uma nova consulta de infertilidade com o doutor bigodes para fazer o ponto de situação.
Inspirar, expirar... Aqui vamos nós!

* Hoje é a melhor técnica de tratamento da infertilidade atingindo até 60% de êxito em mulheres com menos de 35 anos. Esta técnica também permite uma esperança para homens que nunca teriam a possibilidade de ter filhos. Os espermatozóides são obtidos através de colheita natural ou aspiração do epidídimo ou extraído do testículo. Estes espermatozóides são injetados diretamente dentro do óvulo e os embriões são implantados no útero através das mesmas técnicas da fertilização in vitro. (in www.gineco.com.br)

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Conto.

Conto que ainda estou meia abananada com o que ouvi na longa e deliciosa conversa de sexta-feira.
Agora sabemos com certeza firmada que temos um problema e que a medicação que fizemos durante quatro meses – o Dufine e o Duphaston – não passou de um “andar a brincar”. Bastou mostrar o resultado do espermograma para ser informada que o mal residia ali. Procriar naturalmente seria “uma lança em África”.
Com este cenário, foi-nos sugerido avançar para fertilização in vitro, com direito a injecções xpto para estimular a formação de poliovários. 35 por cento é a taxa de sucesso de um tratamento que custa perto de 3.500 euros. Isto além dos cerca de mil euros para as injecções que eu própria tenho que ministrar. Eu!!! Que adoro agulhas!!! Fiquei, porém, com a certeza de que são quase indolores e mais simples do que as canetas dos diabéticos.
Mais.
Sei lá. Foram tantas respostas para tantas perguntas. Um turbilhão de impaciências e agora de emoções.
Para amanhã ficou agendada a primeira consulta ginecológica assumidamente de infertilidade. Para amanhã, mais perguntas e respostas. Mais percentagens, números e informações de procedimentos médicos.
Posto isto, estou com medo, assumo. Não o medo da dor ou dos tratamentos, mas do sofrimento. Medo de não ter capacidade para enfrentar uma derrota.
Quero acreditar que não vai ser assim, que tenho forças mais do que suficientes, e que se calhar nem delas vou precisar por não tardar em ser bem sucedida, mas e se não for?
“Neste momento é muito importante apoiar-se no seu marido e ele em si”, aconselhou-me o especialista. Sinto que o fazemos desde que nos conhecemos, desde que nos tornámos as testemunhas da vida um do outro, desde que decidimos ser pais.
Foi isso que ele, o meu marido, me demonstrou hoje quando, do nada, me perguntou: “Já viste que vamos ser pais?”. Era dessa força, dessa certeza que precisava, meu amor. Era precisamente isso.
Nós vamos ser pais. Não pelos métodos convencionais, como todos desejam, mas com a ajuda da ciência. Seja como for, de que maneira for, geraremos uma vida.
É nisso que tenho que pensar e acreditar.
É isso que vai acontecer.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Indumentária especial para ir ao médico?!?

Por causa da consulta informal com o doutor, aperaltei-me mais um bocadinho. Admito. Fi-lo. Não levo galinhas, nem presuntos para o médico, mas arranjei-me melhor. Confesso.
As calças de ganga ficaram no roupeiro, sobretudo aquelas propositadamente meio descosidas e saíram as pretas, as mais clássicas. Sabrinas "animal print", a imitar a pele de tigre, e camisa romântica branca de mangas cavas. Dito assim, parece que estou um lustre, mas não. A coisa até resulta. Acho.
Nos olhos ensonados, eyeliner e risco para melhorar a expressão.
Falhou o cabelo que, por falta de tempo, foi remetido a um simples rabo de cavalo.

E tantos "arranjos" para quê? Não sei bem. Não tenho por hábito esmerar-me em dias de consulta, porém, hoje o meu coração mandou-me fazê-lo.

Ontem, enquanto escolhia a vestimenta, senti-me obrigada a justificar ao meu rapaz a sucessão de trapos que ia tirando do roupeiro. "Amanhã como é dia de consulta tenho que ir mais arranjadinha". "Até parece", respondeu-me, "até parece que normalmente andas um trambolho".
Pronto, a frase não é das mais bonitas, mas a intenção é. E isso basta-me.

Bom fim-de-semana.
(E obrigada pelos comentários)

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Melhor é impossível!

Consulta marcada para amanhã, às 14h30!
Só consigo falar com pontos de exclamação!!!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Quem tem amigos...

Pois com as minhas dúvidas e a vossa ajuda decidi atirar-me ao outlook e enviar um mail a um amigo - dos que estão no rol dos grandes amigos - a quem, apesar da grandeza da nossa amizade, ainda não tinha contado os meus propósitos de vida.
Fi-lo ontem porque não me saía da cabeça aquele velho adágio: "Quem tem vergonha, passa mal". Isto porquê? Porque o rapaz tem um amigo que é médico e que também é dono de uma clínica de ajuda aos que - como nós - têm problemas de fertilidade. Pedi-lhe o favor de meter uma cunha.
A resposta foi rápida e além das piadas académicas - "de ajuda sexual sei que vocês não precisam!!!" -, mostrou que estava disposto a apoiar-nos.
Logo depois, outro mail, dizendo-me que o amigo médico também estava disponível para uma primeira consulta informal.
Aguardamos a data da conversa. Fazêmo-lo em pulgas.
Sinto - daquele sentir bom que dá dorzitas de barriga - que agora a coisa vai.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Um ano e oito meses

De tentativas goradas.
Safa!

Dúvidas


Lembrei-me agora que está mais do que na hora de fazer um novo papanicolau porque o anterior já foi há cerca de um ano. E depois do susto do HPV não é bom facilitar! Como não tenho a agenda aqui no trabalho, decidi procurar o contacto da médica no Google e eis qual não é o meu espanto quando descubro que é dela de quem se fala num fórum. Uma senhora, a que originou o debate, relata o parto e descreve-o como uma diversão só. Em resposta, dois testemunhos de mulheres que tentaram engravidar com a ajuda da dita doutora.

Este é um deles:

Fui durante meses visita assídua à Dra. XXX quando comecei os tratamentos para engravidar do meu filho, era tudo simpatia mas o importante mesmo não resolviam era só marcar consultas de semana a semana, sem qualquer resultado......
Quando resolvemos mudar para outro médico, fizemos todos os exames, detectaram o que nunca a Dra tinha visto e felizmente o meu tesouro está aqui.
Mas é claro que não podem agradar a todos, já passaram 5 anos mas não esqueço a celebre frase da Dra XXX sempre que entravamos no consultório: "Então têm novidades?" As novidades esperavamos ouvir do outro lado.


E este é o outro:

Fui 'cliente' da dr. XXX só durante 1 ano. nunca a senti preocupada ou mais simpatica do que o normal...
Fez-me um tratamento, sem me avisar o que ia fazer, hiper doloroso. Como nao sabia ao que ia, saí de lá a pé, sozinha e tinha de dar uma aula ao fim do dia. Tive dores como ninguem pode imaginar, senti-me mal em casa e tive mesmo de ir dar a aula torcidinha de dores, sem conseguir andar direito.
Nunca tive o telemovel dela e quando finalmente a consegui apanhar uns dias depois disse-me o que tinha feito com 2 grandes 'palavroes', que ainda hoje não consigo reproduzir... não teve paciencia para me explicar - sou leiga na matéria...
Nunca soube resultados de papanicolau ou outros exames...
Acabei por mudar, claro...
Mas ainda bem que não é assim com toda a gente!


Depois disto, é evidente que fiquei apreensiva. Sei bem que a senhora é ginecologista e obstetra e não especialista em fertilidade, no entanto, são os conselhos dela que sigo religiosamente há um ano.
Quem sabe se não tenho (temos) mesmo um problema.

Penso agora nas palavras de dois amigos: Os dois disseram em situações distintas conhecer médicos especializados e que são uns reis Midas da fertilidade...

Sei que tinha prometido que até ao final do ano não recorreria à ajuda da ciência, mas, depois de ler o que li, confesso que fiquei um nadinha preocupada.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Posso pedir o disco?

Porque andamos muito depressa neste mundo, era bom que por vezes a vida nos deixasse recuar no tempo até aos momentos mais felizes.
«Rewind» de Paolo Nutini.

Bom fim-de-semana.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

As boas-vindas à nova comparsa de aventura!

A Angel deu de caras com esta casa e teve a simpatia de me deixar um comentário muito doce. Aproveitei a boleia, atirei-me para o blog dela e descobri que já por lá tinha passado. Marcou-me por ser a estória de uma mulher que perdeu o ser por que tanto tinha esperado. Força, Angel. Em breve, as lágrimas serão de alegria.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Em dias como este

Sobre os sintomas daqueles primeiros dias: Nada, teste negativo. Seguramente negativo.
Entretanto, já dei entrada na semana mais propícia ao engravidanço, mas nem sequer estou a dar-me ao trabalho de fazer novos testes de ovulação para averiguar se o meu corpo vai presentear-me com dias férteis. O que for, será. We’re having fun.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

terça-feira, 19 de agosto de 2008

No dia mundial da fotografia

Eis o meu pequeno contributo

(Imagem capturada em Trafalgar Square, Londres, em Março de 2007. Apenas dois meses depois de nos termos lançado nesta saga)

segunda-feira, 18 de agosto de 2008


Apesar de não ser pessoa de aderir a correntes, abri uma excepção – por justa causa – e juntei-me à festarola simpaticamente iniciada pela Drikas (porque agora não consigo colocar o link, aqui fica o endereço da menina: http://cancaodeembalar.blogspot.com). Uma iniciativa que estendo a todos os que por aqui passam para conhecer as aventuras e desventuras de quem continua à espera da encomenda feita há mais de um ano e sete meses.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Bom fim-de-semana


E boas férias para quem for disso.
Um musiquinha («I'm yours», Jason Mraz) que a par do «Viva la Vida» dos Colplay fica na minha playlist do Verão 2008. Enjoy!

Será?

Como vos contei no post anterior, o mensageiro chegou na segunda-feira, pontualíssimo, no término de um ciclo de 30 dias, e continuou, aliás, continua a mensajar. No entanto, desde terça-feira que se faz acompanhar por umas dores na zona do ovário esquerdo.
No princípio pensei que fossem gases, a sério, tal era a sensação de inchaço a que me habitou a prisão de ventre, mas depois de apalpações à zona afectada, constatei que era o ovário esquerdo que se ressentia.
Será possível que esteja a ovular? Ao segundo, terceiro e quarto dias do ciclo? Ou é mais uma mera consequência dos dias difíceis da qual só agora me apercebo?
Pelo sim, pelo não, mais logo, quando chegar a casa, vou recorrer à ajuda da palheta da ovulação.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Acabou-se o que era doce


Chegámos no domingo à noite de umas férias tão boas quanto atribuladas.
Os dias sucederam-se placidamente com longas caminhadas pelas praia ou demoradas contemplações sobre o mar e a paisagem algarvia. E a inesquecível massagem de chocolate...
Pelo caminho, uma infecção urinária chatita que me (nos) obrigou a um dia de clausura, assim como uma queimadura solar no lábio inferior que o deixou no triplo do tamanho.
Pequenos obstáculos apenas durante uma estada de 11 dias no Paraíso.
Na chegada a casa, uma mala pesada, um necessaire carregado e muitas tralhas.
A porta fechou-se ao descanso e, ironia do destino, o corpo avisou-me de que tinha chegado o mensageiro do ciclo. O mensageiro do primeiro dia de mais um mês de esperança.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

De férias a partir de...

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quinta-feira, 24 de julho de 2008

Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come

Desta vai ser de vez, Ana.

Mesmo assim, 'bora fazer uma corrente de pensamentos positivos pela camarada de guerra que mandou vir a encomenda de Paris.
Beijinhos.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Ainda do Superbock SuperRock

Um cheirinho do concerto de «Jamiroquai».

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Essa é que é essa

É sempre boa a sensação que de mim se apodera quando já conto os dias de férias pelos dedos de uma mão. A cabeça só pensa na mala que há que fazer, nos pés enterrados na areia, nas caminhadas, nos banhos de sol e de mar, nos jantares, no cabelo molhado a bater nas costas, nos fins de tarde mágicos, nos longos sonos, nos silêncios relaxados, nos anúncios das gaivotas, no mar a chegar-me aos pés e a fugir, nas conversas, nos namoros, nas estupidezes, nos risos, na pele morena, na paz.
A cabeça podia estar ocupada com outros assuntos – como este que me traz aqui –, mas está longe. Estranhamente, a cabeça está a borrifar-se para tratamentos, contagens, testes, temperaturas, para as barrigas e para os bebés dos outros. Estranhamente, a cabeça tem-me dado sinais de que se sente feliz assim. Há um ano, seis meses, duas semanas e seis dias que tal não acontecia. Faltava aquilo.
Estranhamente, agora não falta. Dizem que é nos momentos em que se relaxa que a coisa vai. Honestamente, não me preocupa. Sinceramente, nem sei se estou disposta a pensar muito mais nisto dos Dufines, dos Folicis e das vitaminas... Nem sei se estarei alguma vez disposta a passar por novas provações. Como diz o poeta: O que for, será. E para já o que vai ser é uma pausa de duas semanas.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Bom fim-de-semana


Ofereço-vos uma das minhas favoritas.
Porque muitas vezes só nos lembramos do valor dos nossos tesouros quando os perdemos.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Aqui para nós que ninguém nos ouve

É tããão bom fazer anos!
Sinto-me nas nuvens com tantos mimos.

O JC perdeu a exclusividade

33 é agora a minha idade.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

O óleo de onagra e a vitamina não-sei-quê

Aqui há uns tempos, uma amiga (que demorou sete anos a engravidar) sugeriu-me que, além do tratamento normal, tomasse umas cápsulas de óleo de onagra e de vitamina não-sei-quê para ajudar à fertilidade. Contou-me que no mesmo mês em que iniciou a toma daqueles produtos naturais que ficou de bebé da pequenina que hoje já tem dois anos.
Pedi-lhe que escrevesse o nome dessas tralhas no meu moleskine para o caso de querer seguir o conselho.
Andei desde Março a adiar a decisão, a ver se a coisa ia pelo método científico. Como não foi, passei pela ervanária perto de minha casa e embarquei em 40 euros de pastilhas.
No rótulo, tanto do óleo de onagra como da vitamina não-sei-quê, sou avisada de que estou na presença de suplementos alimentares. Dentro dos frascos, protegidos à moda antiga por algodões, 80 cápsulas de uma tralha que ainda não percebi do que se trata porque propositadamente não procurei informação.
Sei bem que não é muito prudente andar para aqui a engolir coisas sem aconselhamento médico, mas, fazendo fé na pureza dos produtos naturais e das palavras da minha amiga, vou avançar com mais esta experiência. Tentar não custa. Ou melhor, já custou! 40 euros.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

O dedo da aliança e do coração


Faz o exercício que o senhor propõe.
Traduzindo uma parte :
Polegar - representa os pais
Indicador - os irmãos
Médio - tu
Anelar - o companheiro
Míndinho - os filhos

Olá meninas

Não bastava andar a falar pouco e nem sequer vos desejei bom fim-de-semana. Humpf. Desnaturada. Desculpar-me-ão se vos disser que a semana foi de muito trabalho. Aquela papelada que chega aos montes sempre que o período de férias se aproxima. O que também chegou no sábado foi o esperado dia difícil do mês. Trouxe dores do corpo e um bocadinho das outras. Mas há que atirar a bola para a frente e fazer as contas aos dias para reiniciar o tratamento. Life goes on e agora vem com férias apensas.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Sob o signo do sangue

Depois da queda aparatosa do Joca logo na entrada do Superbock SuperRock, de uma passagem pela Cruz Vermelha para estancar o sangue, do medo que as tonturas e os enjoos dele pudessem indiciar algo de mau e de uma ida ao hospital para ver se estava tudo bem (e está), a semana faz-se a correr. Com trabalho de manhã até à noitinha. Vale-nos os primeiros e os últimos momentos do dia para trocarmos colos. Pelo meio, uns mails com novidades da jornada e palavras de carinho.
Assim se passam estes dias.
Enquanto isso, o indesejado já se faz anunciar com trompetes e elefantes. Está por um fio.
(E eu de calças brancas!)

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Bom fim-de-semana

Por aqui tudo calmo e a guardar forças para o concerto de amanhã de Jamiroquai. Se tudo correr bem, vai ser a quarta vez que me prostro aos pés do Jay Kay. He gives me "something"...

terça-feira, 1 de julho de 2008

Saldo positivo

O contador diz que hoje, precisamente hoje, faz um ano e meio desde que começámos a procurar a sorte de ser pais. Até agora, nem bebés a chorar, nem vizinhos a queixar-se do barulho da intensa actividade sexual.
Continuamos para bingo.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

A segunda-feira, só por si, já é um dia difícil de passar, mas consegue tornar-se ainda pior a partir do momento em que há insectos – que ninguém consegue definir (uns já recorreram ao rigor científico para os definir como formigas com asas) – a caírem na minha mesa e a treparem-me pelas pernas. Aaaaargh.
Não se sabe de onde vieram estes bicharocos e, talvez aproveitando-se disso mesmo, eles continuem a cair como tordos diante dos meus olhos. Aaaaargh.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Alguém me ajuda? #2

Não querendo parecer histérica (apesar de já estar a precisar de um estalo para descomprimir), tenho medo que o resultado que vi na palheta não corresponda ao verdadeiro positivo que significa que estou a fazer a ovulação. Hoje de manhã fiz mais um e o segundo traço rosa voltou a dar os ares da sua graça. A minha dúvida é, no entanto, uma e coloco-a às meninas que já experimentaram as invenções da Ova-Test: Quando os vossos testes são negativos só aparece uma risquinha? Mesmo depois dos cinco minutos? É que segundo as instruções, os sinais que surgirem depois desse prazo já não são válidos.
Assim sendo, nos testes que fiz, a palheta mostrou sempre uma risca cor de rosa e outra surgiu uns momentos depois. Isto significa mesmo o que estou a pensar? Ou o segundo traço acaba sempre por dar à costa depois dos cinco minutos?
Repetitiva? Eu? Histérica? Eu? E um estalo na cara para ganhar juízo?
Ajudem-me!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Alguém me ajuda?

Acho que já não me lembrava disto.
É normal sentir-me inchada, com umas dorzitas nos rins e na zona do ovário esquerdo?
Algures na net encontro a confirmação.

20% das mulheres sentem no período próximo à ovulação, leves cólicas ou dores no abdômen, que podem surgir no lado correspondente ao ovário que irá expelir o óvulo e durar de alguns minutos a algumas horas. Embora possa ter outras causas, se estes sintomas ocorrerem mais ou menos 14 dias antes da próxima menstruação, pode ser indício de ovulação.

Nem sei se acredito

Desanimada (e desfalcada) por causa do resultado dos testes de ovulação que comprei na farmácia, decidi fazer a experiência com o que encontrei na net. A encomenda da Ova-Test chegou há uns dias, talvez há um mês, e ficou guardada na gaveta de baixo do armário à espera da hora certa. Não havia pressas. Por isso ficou na gaveta de baixo.
A avaliar pelo negativo do fim-de-semana, não tencionava tentar a sorte novamente neste mês. Porém, ontem, como já tinha o jantar tratado, a casa arrumada, a roupa pronta para o dia seguinte, o pijama vestido e nada a perder, abri a gaveta de baixo do armário e retirei o envelope almofadado. De lá de dentro extraí uma saqueta e as instruções do dito teste. Como é normal nestas ocasiões (e ao contrário do que me é habitual), essa vontade fisiológica que se impõe para estes procedimentos não surgiu logo. Esperei tranquilamente. Talvez porque imaginasse que o resultado ia ser novamente negativo, sobretudo, pelo facto de o teste estar a ser realizado ao final do dia, depois de tantos copos de água e de canecas de chá.
A vontade chegou já com o marido em casa. Ele apercebeu-se das manobras, mas esperou inteligentemente (aliás, como sempre) que lhe desse conhecimento. Foi o que fiz quando a mancha cor de rosa começou a apoderar-se da palheta. Uma risca apareceu logo, forte, bem visível, sinalizando que o teste tinha sido bem realizado. "Pronto, mais um negativo", pensei. Qual quê? Um minuto depois, dois no máximo, uma segunda linha rosa surgia do branco. Veio tímida e ficou. Mais ténue do que a outra, mas ficou. Descrente, chamei o meu querido para confirmar. Confirmou. Descrente, mas com um sorriso contido, prometi-nos repetir a dose pela manhã para ficar com a certeza de que aquilo estava efectivamente a acontecer.
Assim que o despertador tocou, ainda ensonada e com os minutos muito contadinhos até à saída de casa, tentei uma vez mais a sorte. E tive-a, novamente. A linha rosa de dias férteis tornou a acenar-me. E eu voltei a sorrir.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Em câmara lenta

Depois de um fim-de-semana prolongado e de um S. João molhado, a semana começa a meio. Não era bom que fossem todas assim? Descanso de 4 dias, trabalho de 3. O novo Código de Trabalho parece prever isso, mas só para os que bulirem 12 horas por dia. Não me parece mau negócio, não. É um assunto a pensar.
De resto, Dufine completo, Duphaston a começar hoje.
Ontem foi dia de teste de ovulação. E? Mais do mesmo: Negativo. Mesmo assim, e como diz a Ana, continuamos a mandar postais. Pode ser que algum consiga encontrar uma caixa de correio aberta...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

A mão do coração

Enquanto vagueio pelos sites que me ajudam a trabalhar, encosto a mão esquerda à cara e encontro provas de quem ama. A mão que está no lado do coração torna a cheirar a cebola. À cebola que ontem aquela mão agarrava enquanto a direita segurava a faca que fazia o picado a que o refogado obriga.
Se em tempos esfreguei com vigor as mãos no sabonete mais próximo para me libertar daquele odor, agora sorrio. Sorrio porque esta é agora a prova de quem ama e cuida.

Bom dia.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Acontece

Ao quinto dia, falhou a toma do Dufine. É um facto, é oficial, esqueci-me que devia ter recomeçado o tratamento ontem. "Deixa lá", começo hoje.
Bom dia. Boa semana.

Beijinhos para a Ana pelas razões que ela sabe e mais beijinhos para a Su que já me explicou o segredo do seu sucesso. Ou susexo!

sexta-feira, 13 de junho de 2008

quinta-feira, 12 de junho de 2008

My Valentine

Há quatro anos, na ressaca de um concerto dos Pixies, o País regozijava com o início de um Europeu português e, nós, com o início de "nós".
Obrigada, meu amor.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

And the winner is

Quanto mais depressa falava...

O ciclo terminou aos 29 dias, bem mais cedo do que tem sido hábito nos últimos meses. Aos 29 dias. Fiquei feliz. Foi o primeiro grande feito do tratamento.
Apesar das dores tramadas das "regras", não consigo tirar este sorriso da cara. Sinto que já coloquei mais um pauzinho no meu ninho!

Os novos óculos de sol também já estão encomendados. Dizem-me que vêm de Itália e por isso demoram uma semana a chegar. Esperemos que a paralisação dos camionistas não os atrase.
Quanto aos outros, os que racharam, já foram colados e prometi-lhes que volto a levá-los nas longas caminhadas de Verão que, se tudo correr bem, começam já daqui a mês e meio.

Óculos partidos

Duravam há quase dois anos, acompanhavam-me diariamente, eram giros, sentia-me bem neles e, por isso, não tencionava encostá-los ou trocá-los por uns mais "da moda". Nuns saldos de fim de estação custaram pouco mais de 30 euros e hoje, enquanto descansavam no alto da cabeça, senti-os mais largos. Pensei que fosse o parafuso da haste, mas não. A armação de tartaruga estava rachada. Abria-se quase a deixar escapar uma das lentes. Fiquei triste com o adeus inesperado.
Tentarei dar-lhes uma segunda vida, porém, não sem antes procurar uns substitutos.

E são destas pequenas coisas da vida feitos os dias que me levam até ao fim de mais um ciclo. Falta pouco.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Bom fim-de-semana

Apesar de não ser fã do Bom Jovem, não posso escusar-me a dizer que o senhor deu um concertaço no «Rock in Rio». Tão profissional quanto divertido. (Os nossos músicos deviam estar lá a aprender como se faz)
Esta foi um dos temas em que mais pulei e uma semana depois ainda me faz balançar.
Beijinhos.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Cut the crap

Pelo facto de a medicação não ter surtido efeito neste mês, é evidente que os piores pensamentos me assolaram. "E se...?"
No entanto, como optimista e crente que sou, decidi (sim, porque estas coisas decidem-se) continuar a acreditar que sou digna de um dia transportar uma criança dentro de mim. Outra para além daquela que já lá está e que me caracteriza.
Mas, como não dou um passo sem primeiro delinear um plano, decidi igualmente que até ao final do ano não há recursos a médicos, nem a mais exames.
Se chegar a essa altura sem a barriguinha desejada, aí sim, com dois anos de espera, já temos mais do que legitimidade para reclamar nova ajuda.
Até lá vamos acreditar que unidos venceremos.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Desisto

De fazer a treta dos testes de ovulação. Desisto. Mas só este mês.
Isto porque no sábado fiz mais um que, claro, deu negativo. Lá apareceu o raio do círculo sem o smile dentro dele. Fiquei como não sou, zangada com o mundo e apanhou por tabela quem estava mais perto. Quem não devia. Contudo, uma viagem de comboio de quase três horas, outras de metro de mais uma hora e um grande concerto no «Rock in Rio» puseram fim ao amuo.
Ficou combinado que neste mês não ia embarcar em mais aventuras e consequentes desilusões. No próximo repito a dose ao 15.º dia e nos outros, se for caso disso, também, mas por este já chega de ombros caídos.
Para a frente é que é o caminho.
Por mais voltas que dê, a encomenda há-de chegar ao destinatário.
A dela está entregue. Fiquei feliz.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Bom fim-de-semana

Uma rockalhada para começar em grande!

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Mais um

A porcaria do teste de ovulação voltou a dar negativo. Raios. Bem tentou deixar-me mal disposta. Não conseguiu. Pior foi reter o xixi até àquela hora.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Em velocidade cruzeiro

Amanhã, ao 16.º dia, conforme as escrituras, passo ao Duphaston. Deveriam ter sido 16 jornadas de abstinência sexual, mas não conseguimos. A carne tem sido muito fraca.Ficamo-nos pelos três dias. Isto se logo não nos der uma coisinha má.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

terça-feira, 20 de maio de 2008

Tudo tranquilo

Como já o disse bastas vezes, e mesmo assim julgo não ter sido convincente, temo com todas as minhas forças a dor. É que nem sequer lhe sou avessa – isso (imagino) somos todos –, sou efectivamente uma caguinchas das grandes quando sei que por um instante vou sentir um laivo de dor.
E esta palração toda para quê?, perguntar-me-ão vocês. Pois bem, para dizer que a médica me tinha avisado que o Dufine podia provocar-me cólicas idênticas às do período menstrual. Apesar de estar familiarizada com o assunto, receei. Em vão, por enquanto. Nada de cólicas, pontadas ou aflições que me façam pedir já a epidural!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

O melhor do fim-de-semana

O convívio, como sempre, e a sobremesa de ontem.
Um merengue regado com um xarope de morango. Ui.

Isto para compensar o resto. É que, pela frente, ainda temos 8 dias de abstinência.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

quarta-feira, 14 de maio de 2008

E as boas notícias continuam

Os casais inférteis que não conseguem ser tratados pelo serviço público vão começar, até ao final do ano, a ser encaminhados pelo Serviço Nacional de Saúde para o sector privado, anunciou hoje a ministra da Saúde.
"Estamos a trabalhar num sistema informático para poder encaminhar os casais que não tenham acesso [a tratamentos no sector público] para serem enviados para o sector privado", declarou Ana Jorge aos jornalistas à saída do Fórum Saúde promovido pelo Diário Económico que hoje decorre em Lisboa.
A ministra estimou que até ao final deste ano os casais já possam ser encaminhados para o sector privado para os tratamentos com técnicas de Procriação Medicamente Assistida (PMA).
Referindo que no sector público já há actualmente alguns tratamentos e consultas de PMA, a governante reconheceu que a capacidade instalada no SNS é insuficiente para as necessidades dos casais portugueses.


(Lusa)

13

É por estas e por tantas outras que o 13 é efectivamente o meu número predilecto.
A saber: Ao fim de 13 dias de atraso, o ciclo terminou e originou um novo no 13 de Maio.
Agora sim, respiro fundo. Sinto-me aliviada e feliz por poder começar a contar os dias para o início do tratamento. A parte pior vai ser a "travessia no deserto" de 16 longas jornadas. No entanto, como ontem me dizia o meu querido, é essa a missão de quem, como nós, persegue um objectivo.
Vamos a isto!

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Para começar em beleza


Esta música está incluída na banda sonora do «Juno» muito apreciada por aquele em quem penso sempre. Sobretudo porque me faz tão bem... I wanna tell you how much I love you.

Nada

Aos 43 dias de ciclo, as novidades continuam a não existir.
Contudo, pelos sintomas que dá o corpo, a descarga (supostamente mensal) não deve tardar. Assim espero.

Boa semana.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Bom fim-de-semana


Aqui está o farol do Carvoeiro para nos ajudar a seguir o Norte dos nossos sonhos. Beijinhos.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Seguimos para bingo

Alguém mata aquele grilo falante que me levou a comprar mais um teste? Mais um carregado de expectativas, tremuras e esperança. Mais um negativo.

Será?

Com tantas dores no fundo das costas desde segunda-feira, valerá a pena fazer mais um teste? Sinto que não, sei racionalmente que não, mas no fundo da minha irracionalidade ouço um grilinho falante a ordenar-me que o faça. E o pior é que já tentei, mas fui traída pelo horário da parafarmácia. Agora não sei se vale a pena. Sinto-me renitente porque não me apetece ter outra desilusão e ainda pagar por isso (sobretudo numa altura em que não dá muito jeito ter despesas extra).
Porém, a vozinha de lá do fundo do inconsciente (diria mesmo: muito inconsciente) não me larga, espicaça-me a dizer que pode ter sido desta.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Não sei se já tinha dito, mas a espera continua

Apesar de ter feito os testes de ovulação e de todos terem dado negativo, este atraso de sete dias só serve para me fazer pensar no que não devo. Estou a um passo da parafarmácia e de gastar dez euros em vão.
Quando o catraio der à costa vou fazer questão de lhe dizer quão caro me saiu...

segunda-feira, 5 de maio de 2008

A espera continua

Este ciclo devia ter terminado ontem, aos habituais 35 dias, mas persiste. Agora que os "pózinhos mágicos" esperam por mim, o corpo não dá a resposta que se lhe pede. Se não fosse meu, dava-lhe umas belas palmadas para não se armar em arisco...

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Bom fim-de-semana

Para quem, como eu, for disso.
Antes de partir deixo um docinho chamado Yael Naim.

Enquanto isso

Aguardo pelo fim deste ciclo para dar início ao plano B.
As dores nos rins já me molestam há uma semana, mas, tal como tinha previsto, a coisa só deve descambar no domingo, precisamente um dia depois do aniversário do meu príncipe.
Assim sendo, o melhor é dar-lhe os "presentes" até sábado porque passada essa data há que contar 16 dias até à oferenda seguinte!

Work out

Como deu para perceber há muito, a histeria das caminhadas não passou disso mesmo. As desculpas da boca para os botões eram as mais diversas: Trabalho, cansaço, trabalho, fazer o jantar, trabalho, cansaço. Tretas, asseguro-vos.
Entretanto, o posto de labuta estabeleceu um protocolo com um ginásio cá do bairro e achei que seria criminoso se não passasse por lá nem que fosse para ver como param as modas.
Hoje, lá fui, com a vestimenta de trabalho ainda no corpo, a bolsa ao ombro, a mochila com a indumentária desportiva na mão e um saco na outra (que figurinha). Como o tempo era escasso, troquei de trapos num piscar de olhos e de imediato saltei para a sala das operações. Tapetes, elípticas (ou lá como se chama aquela tralha), pesos nas pernas, pesos nos braços, pesos no lombo, abdominais. Só saltei a bicla porque, segundo a monitora, já ia com o aquecimento feito e os bofes de fora. Ao fim de 50 minutos, o corpo, agora mais maçado, conduziu-me a um banho rápido para apanhar a boleia do meu querido. Saí a correr, tal como tinha entrado. Comi uma sanduíche a correr e voltei ao trabalho.
Agora que já consigo respirar, sinto-me bem. Sinto que consegui chegar lá, que finalmente gastei 50 minutos em mim.
Falta constatar se vou ser capaz de me dispensar muitos outros.
Vocês vão estar aí para me pedir contas! Espero.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Programa de Festas

Um bocadinho a destempo, como distintíssimas leitoras se queixaram e bem, apraz-me vir a este cantinho divulgar o resultado da consulta.
O passo que se segue não inclui agulhas, nem algo que se pareça. Vem tudo em cápsulas e revestidas para não fazer estragos. As pastilhas vão ser tomadas pelos dois, mas em alturas diferentes. A saber: Ele já começou com Dufine (o citrato de clomifeno), que tanto induz a ovulação, como aumenta a produção de espermatozóides. Como se pode confirmar pelo gráfico minuciosamente preparado pela médica, ao quinto dia do próximo ciclo arranco eu com um comprimido por jornada, durante cinco dias. Ao 16.º: RS que em bom português significa Relações Sexuais e em força (depois de uma abstinência de 16 dias para que os bicharocos do futuro papá estejam cheios de pujança!). Nesses cinco dias, convém investir na parte boa da coisa, mas, como não há bela sem senão, apenas estamos "autorizados" a fazê-lo dia sim, dia não. Entre o mesmo 16.º e o 25.º dia, guardo a caixa do Dufine (com a esperança de não precisar dela no mês seguinte) e troco-a pela de Duphaston que tanto serve para regular o período menstrual, como para o tratamento da infertilidade e insuficiência luteínica. Como disse a doutora: "primeiro induz-se, depois faz-se a cama". Tenho ainda que voltar aos testes de ovulação, mas apenas ao 15.º dia, para ver se desta vez a madame deu o ar de sua graça!
Vai ser um novo mês bonito. Mais romântico é impossível...
A vantagem é que tanto o Dufine, como o Dufhaston não são caros. Cerca de 8 euros cada um. O raio dos testes de ovulação é que tornaram a arrombar-me o cofre.
E na farmácia quase não resistia ao piscar de olhos de um creme novíssimo para o tratamento de estrias. É do laboratório que avançou com a botolina e com outras tralhas do género. Dizem que é uma espécie de rei Midas das drogas de beleza, mas 80 euros é muita fruta. Há prioridades!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Bom fim-de-semana


(Respirar fundo. Daqui a pouco há novidades)

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Nível 2

Depois de ter falado com a assistente da médica na segunda-feira e de não ter recebido qualquer resposta, tratei de enviar uma sms ontem às 14h14:

"Boa tarde, dra. Peço desculpa por estar a enviar-lhe esta sms, mas fiquei de ligar-lhe assim que acabasse os testes de ovulação que já faço há dois meses e sempre com resultados negativos. Aguardo as suas indicações. Obrigada."

A resposta surgiu às 17h44. Ligou-me e combinámos que eu passaria lá na quinta-feira entre as 19h30 e as 20h00 para me explicar a toma dos medicamentos que vai prescrever-me. "Explicar"? Implica explicações? Espero que não inclua agulhas. Amanhã veremos.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

No final de mais um mês de testes

E, como se depreendeu pelos negativos, de mais um ciclo, há que ligar à médica para dar conta dos resultados e esperar pela sentença.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Bom fim-de-semana

Em vésperas de mais um fim-de-semana, desta vez chuvoso, o melhor é ficar no quentinho. Deixemos a música rolar e, entre trauteios, peçamos aos que estão connosco o amor apenas pelo Amor: "Kiss me, oh kiss me".

E o burro sô eu?

Sou. Indubitavelmente.
Acreditar que este seria o meu período fértil?!? Bah.
Tudo na mesma.
Nada na manga...

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Parece-me que alguém vai ter que adiar a aula de karaté...

Num dos momentos de casa-de-banho em que tenho por hábito fazer-me acompanhar por leitura, seja ela qual for, aproveitei para reler a bula dos testes de ovulação e, como seria de prever, encontrei elementos novos. Nomeadamente o facto de aquelas que – tal como eu – têm ciclos mais longos, necessitarem de fazer outras contas.
Ou seja, o dito documento avança que as mulheres com ciclos de 35 dias ovulam 17 dias antes do período menstrual seguinte.
Assim, pelas minhas contas, o dito deve surgir a 4 de Maio. Logo, o período fértil é a... hmm... hmm... 17 de Abril.
Isso é hoje, não?

Amanhã o novo teste o comprovará.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Ao 18.º dia

Restam dois testes na caixa. Este suplício nunca mais acaba para poder ligar à médica e pedir-lhe ajuda.
Já nem sei por que olho para o visor. Aquela treta continua a não detectar ovulação.

E a máquina fotográfica pronta para o "smile" que não chega.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Cordon Bleu Folhado ou Rolinhos de Carne Folhados ou o Prazer de Cozinhar

Enquanto se aguarda pela cria, há que namorar, trabalhar, cozinhar, jantar com os amigos, enfim, Viver. E da melhor maneira possível.
Como ainda não vos disse, aproveito para contar agora que cozinhar é um dos meus passatempos favoritos. Doces ou salgados. Mas sou daquelas que acham que na cozinha só se inventa quando já se sabe muito. Por isso fico furiosa quando oiço aquelas meninas que não percebem pevas de culinária dizerem que na cozinha não fazem este ou aquele prato especial, que o que gostam mesmo é de inventar. Como se a alquimia gastronómica fosse uma mera lotaria. Não seria muito melhor e honesto admitir simplesmente que não sabem? Enfim...
Leio muito sobre o assunto, sigo sempre à risca os conselhos de conhecedores e tenho-me dado bem. Por isso, como estou quase a entrar no "ensino universitário" da arte, atrevi-me a criar. Não a inventar, nada disso. E é grande a diferença entre inventar (juntar uma amálgama de ingredientes e esperar que a sorte os proteja no resultado) e criar (conhecer o resultado da junção de determinados ingredientes e melhorá-la).
O meu querido delicia-se quando lhe faço o Bife Wellington ou Bife Folhado composto por um belo e alto naco de carne e massa folhada. No entanto, a carne que se escondia ontem no congelador não era alta, mas sim, uns bifes baixinhos que tinham sobrado das francesinhas de sexta-feira. Pois bem, depois de salgados e apimentados, sobre eles repousaram fatias de fiambre e de queijo. Foram enrolados e presos por um palito.
Numa frigideira quente, formaram rapidamente a carapaça dourada e soltaram o sangue. A cozedura tinha-os casado e dispensava o palito que se retirou.
O forno estava aquecido (180º) e pronto para receber o preparado. Na forma com cama de papel vegetal os rolinhos deixaram-se embrulhar numa capa de massa folhada pincelada com gema de ovo.
Dez minutos bastaram.
Ele deliciou-se e eu também a vê-lo comer com tanto gosto.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Clomifeno

O tipo de fármaco que se escolhe para induzir a ovulação depende do problema específico. Para uma mulher que não tenha ovulado durante muito tempo (anovulação crónica), é indicada a administração de clomifeno. Primeiro, induz-se um período menstrual com outro fármaco, o acetato de medroxiprogesterona. Em seguida, administra-se o clomifeno durante 5 dias. Em geral, a ovulação produz-se entre 5 e 10 dias (normalmente 7 dias) depois de interromper o clomifeno e a menstruação 14 ou 16 dias depois da ovulação.
Se depois do tratamento com clomifeno a menstruação não aparecer, deve ser feito um teste de gravidez. Se a mulher não estiver grávida, o ciclo de tratamento repete-se com doses cada vez mais altas de clomifeno até que a ovulação se produza ou se atinja a dose máxima aconselhada. Quando se tiver determinado a dose que induz a ovulação, volta-se a administrar durante pelo menos mais seis ciclos de tratamento. A maioria das mulheres que engravidam fazem-no no sexto ciclo em que a ovulação se produz. No total, 75 % a 80 % das mulheres tratadas com clomifeno ovula, mas só entre 40 % e 50 % ficam grávidas. Por outro lado, cerca de 5 % das gravidezes em mulheres tratadas com clomifeno são múltiplas, sobretudo gemelares.
Como se suspeita que a administração prolongada de clomifeno pode implicar um maior risco de cancro do ovário, os médicos adoptam várias precauções, como o exame da paciente antes do tratamento, o controlo exaustivo durante o mesmo e a limitação do número de ciclos de tratamento.
Os efeitos secundários do clomifeno consistem em afrontamentos, inchaço abdominal, dor mamária, náuseas, perturbações visuais e cefaleias. Cerca de 5 % das mulheres tratadas desenvolve a síndroma da hiperestimulação ovárica, na qual os ovários aumentam consideravelmente de tamanho e uma grande quantidade de líquido passa da circulação sanguínea para a cavidade abdominal. Para evitar este problema, é administrada a dose mais baixa e eficaz possível e se os ovários aumentarem de tamanho suspende-se o tratamento.

(ver mais aqui)

Outras causas de infertilidade

(Entre muitas outras)
Doenças respiratórias. A doença dos cílios imóveis (sinusite crónica, bronquite crónica, bronquiectasias) impede o movimento do embrião ao longo das trompas em direcção à cavidade uterina e causa imobilidade dos espermatozóides. A asma e as dificuldades respiratórias também dificultam a gravidez e o parto.

Dos exames

A minha médica ligou na sexta-feira, às 22h53.
Constatou aquilo que já sabíamos, que os níveis dele estão abaixo do normal, mas que não são motivo de preocupação. Quanto ao novo espermograma, virá mais lá para a frente.
Sobre a minha pessoa, e pelo que lhe tinha chegado às mãos da histerosalpingografia, garantiu que estava tudo bem. Quanto ao facto de não estar a detectar períodos férteis, pediu que fizesse os testes até ao fim e que lhe ligasse no final do mês, caso a não-ovulação se repetisse.
Para já, exigiu-nos calma. "Nada de ansiedades", assim se chama o remédio que nos prescreveu. Acho que está esgotado!

Xixis

Isto de andar a fazer testes de ovulação dia-sim, dia-não é uma grande treta.
Por que raio os meus dias férteis não são como os que imaginava? Invariavelmente todos os meses, ali nas imediações do 14.º dia?
E o problema não é acontecerem em datas imprevistas, mas sim, nem sequer acontecerem.
No segundo mês de testes e, dia-sim, dia-não, o resultado mantém-se. Nada de "smiles" no mostrador do aparelho e já vamos na 16.ª jornada do ciclo.
Porém, como se não bastasse a decepção, ainda tenho que aguentar o xixi até à hora do despertador pelo facto de o teste só ser rigoroso com xixis de cinco horas. Isto de tecnologias caprichosas!...
Assim sendo, o sono destes dias é atormentado por sonhos nos quais vejo o ansiado "smile" e noutros repletos de sanitas prontas a receber a minha libertação de águas.
Nos dias que correm, e correr é o verbo, suspiro de alívio quando o despertador soa. Os olhos reviram quando o xixi consegue finalmente abandonar o meu corpo. Mas não sem antes embater na palheta do teste que me tem dito que ainda não ovulei.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Agora já sabemos

O Joca ligou de manhã para o Centro de Genética para tentar que lhe decifrassem o diagnóstico. A assistente remeteu-o para o professor que, para nosso azar, só o poderia atender telefonicamente a partir das 14h00. Com um nó na garganta motivado pelo nervoso miúdinho lá aguentámos até à hora H. Nem mais um minuto.
Com os olhos no tecto e a mão que não segurava o telefone agarrando o papel com os resultados do exame, ele aguardava em silêncio que o toque intermitente de quem espera fosse atendido. Não foi à primeira. Pousou o auscultador e tentou uma segunda vez. Uma voz surgiu de imediato do outro lado.
- Boa tarde, liguei hoje de manhã para... sim, exactamente... já posso falar com o professor?
E pôde. O professor atendeu-o prontamente e, num tom apaziguador, explicou-lhe que quase todos os parâmetros estavam normais, à excepção do da quantidade de espermatozóides que se revelava inferior à normal. Podia ser muita coisa, disse-lhe. "Pacientes" há, explicou, que num mês fazem este exame e têm o mesmo resultado e um mês depois já se deparam com abundância de espermatozóides.
Aconselhou-o a esperar um a três meses para repetir o exame. Nessa altura já há um comparativo.
Para já, os envelopes seguiram para a minha médica.
Aguardamos agora pelo telefonema dela.
Aguardar é o verbo.

Enquanto isso, um vídeo muito bonito, a exemplo da música, escolhido para aquelas que, como eu, aguardam pela bênção de ter uma cria como esta dentro delas.

Bom fim-de-semana.

Nem sei o que pensar

Ontem à noite, quando cheguei a casa vi que o envelope do centro de genética já me esperava. Abri-o, sofregamente. Do que li, percebi pouco, pois não são fáceis as mensagens encriptadas que os laboratórios passam aos médicos. Do que li, percebi apenas que a amostra recolhida não continha um número suficiente de espermatozóides. Ele bem tinha dito que não tinha sido muito expansivo...
Não sei bem o que aquilo significa, mas, mesmo antes de ouvir a sentença da médica, parece-me que ele vai ter que repetir a proeza e, em vez de três dias de abstinência, talvez seja melhor uma semana. E, os 75 euros iniciais em exames do género vão, afinal, passar a 150. Para já.
Contudo, o que mais me preocupa é o facto de não ter sido detectado um número suficiente de espermatozóides. Não sei se é sinónimo de amostras pouco generosas ou se representa uma temível anomalia.
Pouco depois encontrei-o na lavandaria a apagar um cigarro. “Não devia ter fumado, pois não?”, questionou-me.
Baixei os braços.
E ainda nem sequer sabemos o que significa aquela mensagem encriptada...

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Glossário

E ainda haverá quem acredite que não estamos sempre a aprender?
Hoje, por causa do resultado do meu exame descobri que há os úteros em anteversão, como é o meu caso, e outros, retrovertidos. Para quem, como eu, não fazia a mais pálida ideia de que tal existia, aqui fica uma das imensas explicações que encontrei na net.

Anteversão do Útero
(fr. antéversion de l’utérus; ing. anteversion of uterus). Inclinação do fundo do útero para a frente, que é a sua orientação normal. Ant. de retroversão do útero.


Retroversão do útero (ou uterina)
(fr. rétroversion de l’utérus ou utérine; ing. retroversion of the uterus). Desvio do útero no qual o fundo deste órgão se encontra deslocado para trás, ao passo que o colo se desvia para a frente e para cima, atrás da sínfise púbica. Ant. de anteversão do útero.


Saber que o meu útero tem uma orientação normal faz-me respirar de alívio. Não que alguma vez suspeitasse que ele pudesse ter uma qualquer orientação, mas agora que sei que é dotado disso, fico feliz por sabê-lo dentro dos parâmetros comuns.

No papelinho com o resultado do meu exame lê-se:

“No radiograma para estudo simples não observamos imagens radiopacas com significado patológico.
Os radiogramas obtidos durante e após a introdução retrógrada do contraste evidenciam um útero em anteversão* com uma cavidade do corpo apresentando morfologia e dimensões conservadas, sem defeitos de repleção** ou imagens de adição.
As trompas estão permeáveis, com calibre e morfologia normais, sendo também normal a difusão do contraste na cavidade peritoneal.”

* Posição oblíqua do útero
** Estado do que é repleto/Pletora (excesso de humores ou sangue, excesso de seiva, superabundância)

Parece serem boas notícias, não?

E andamos nisto

Daqui a duas horitas, o Joca vai buscar o resultado da histerosalpingografia.
O envelope com a sentença do exame que ele fez ainda não aterrou na nossa caixa de correio.
E, ao 12.º dia de ciclo, o aparelhómetro continua a não detectar períodos férteis.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Enquanto aguardamos pelo resultado dos exames

Olho à minha volta e penso que anda meio mundo a copular e outro meio a carregar o peso das cópulas. É só líbido. Isso e homens tão enganadinhos. Estarão, provavelmente, a gozar os seus últimos momentos de verdadeiro prazer.
É notável que em tantos anos de vida na Terra, ao lado das mulheres, ainda não se tenham apercebido da extraordinária capacidade das suas senhoras de perseguir os objectivos. Em boa verdade se diga que muitos deles ainda não "realizaram" que cumprem apenas a missão de inseminadores. Isto a avaliar pelo que vejo a minha volta, claro está.
Elas, as que estão a minha volta, não param na busca dos seus objectivos.
Corpos torneados escondem o sangue frio das serpentes que se enrolam no corpo deles. No entanto, antes do acto, elas já tiraram temperaturas, avaliaram mucos, contaram dias de ciclo, tomaram ácido fólico e até calcularam na internet a data prevista do parto originado por aquele momento sexual.
Eles, quais virgens desprotegidas, colocam apenas os sapatos a arejar na varanda e deixam-se levar pela tornado que lhes invade toda a propriedade.
Felizes daqueles que, como o homem que testemunha a minha vida, são obrigados a estes rituais durante meses a fio. Anos a fio, na melhor das hipóteses. Tempos incessantes de sexo regular, mesmo que de qualidade duvidosa e que, quase sem excepção, termina com mulheres de pernas ao alto tentando com isso conduzir o líquido precioso ao Santo Graal.
Depois...
Olho à minha volta e observo aquelas que já são mães, mas reparo, sobretudo, naqueles que já são pais. Elas, felizes, apaixonadas pelos rebentos, mesmo que as crias já tenham atingido a maioridade, é de descanso que mais reclamam ao final do dia. Os assédios dos companheiros são sacudidos. Elas, segundo eles, fecham os olhos e caem no mais profundo dos sonos.
Eles, também segundo eles, pregam as vistas nos jogos de computador, na televisão, nos livros que agora lhes fazem companhia.
Eles recordarão vezes sem conta os dias em que elas, com objectivos procriativos, sabem-no agora, os assediavam ou se deixavam levar pela emoção.
Eles sonharão amiúde com o local que um dia os uniu pelo prazer, mas que os separou assim que por lá deixou que passasse uma criança.

(Ia começar a escrever uma coisa banal sobre o facto de estarmos à espera dos resultados dos exames e de ter começado com os testes de ovulação e apercebi-me que, apesar de tudo, já não vou à internet ver os cálculos de dias férteis, nem nos "aplicamos mais" nessas datas. Sinto que as coisas estão agora a fluir com naturalidade e, acima de tudo, com a vontade expressa dos dois. Apenas pela vontade. E foi assim que me lembrei do resto…)

sexta-feira, 4 de abril de 2008

'tá feito

Acho que já deu para perceber que não sou daquelas raparigas corajosas que avançam para análises e exames – sejam eles de que natureza forem – sem receios. Daquelas ganapas que dizem que "o que tem que ser, tem muita força". Nada disso, bem pelo contrário. Sussurro vezes sem conta com os meus botões que "é por uma boa causa", mas continuo a sentir os calores, as mãos suadas e a barriga às voltas. Todos aqueles sintomas que não fazem parte do meu quotidiano, já que, até no Verão durmo de "peúcos" (como dizia uma antiga empregada dos meus pais), tenho sempre as mãos geladas e padeço de uma eterna e crónica prisão de ventre. Mas daquela prisão da qual só consigo evadir-me uma vez por semana. Segundo a minha mãe, sou assim desde pequena. Ainda na escola primária, imaginem, os nervos nas vésperas dos testes davam-me para correr para a casa-de-banho? Intestinos soltos por causa de provas de meio físico e social? Agora pensem como é que uma pessoa destas pode estar concentrada e ao mesmo tempo com as nádegas contraídas em plenas orais com professores universitários? Enfim... Adiante.
Chegada ao local tive que responder a um inquérito. Nome, idade, doenças, medicações que fazia... até aqui, tudo bem... o problema foi quando cheguei à parte do "ingeriu alguma coisa nas últimas 3/4 horas?". "Pois está claro que sim", pensei, "ainda agora almocei". "Ninguém me tinha dito para não o fazer". E no "Sim" lá tive que colocar a cruzinha. Mas a coisa piorou logo a seguir: "Se respondeu que sim, mencione o que ingeriu". "Tenho que colocar a ementa do meu almoço?", questionei a assistente que acenou positivamente com a cabeça. Bonito! E timidamente sarrabisquei: "Pataniscas/Feijão frade/Fruta". Lindo, não é? Melhor só se acrescentasse a ingestão de "meio quartilho de vinho". Adiante, mais uma vez.
Esperei uns minutitos, sempre com receio de que a coisa demorasse e fizesse passar o efeito dos dois Trifene 200 que tinha emborcado meio hora antes. Não foi esse o caso. Uma miúda baixinha e de cabelo encaracolado, de aparente mau feitio, chamou por mim e levou-me à sala onde teria de despir-me da cintura para baixo e tapar-me com uma bata que apertava com uns atilhos nas costas, calçar uns plásticos e esvaziar a bexiga. Já o tinha feito antes. Claro.
Perguntou-me também da asma e avisou-me que, provavelmente, iria ter de ministrar uma injecção de cortisona porque, por causa do contraste, havia a possibilidade de fazer alergia.
"Ó sorte!", murmurei. "Eu que gosto tanto de agulhas". E comecei a tremer ainda mais.
Assim que me aperaltei, sentei-me de perna cruzada, esperando no mesmo quartinho. As mãos estavam mais suadas ainda, as bochechas rosadas e aquela volta na barriga estava a dar-me cabo da paciência. Ui. Receando passar por vergonhas, tratei de aliviar o que havia a aliviar. Meu dito, meu feito. Agora sim, continuava com medo, mas ele já não me iria fazer borrar a pintura.
Esperei mais uns minutitos e a porta, a famigerada porta, abriu-se. Engoli em seco, sorri um sorriso amarelo e entrei.
À minha frente uma plataforma onde me deitei com os tradicionais apoios das pernas que bem conhecemos dos ginecologistas. Já na horizontal e enquanto me era colocado o garrote (é o termo mais técnico que conheço para a coisa), a rapariga que parecia de mau feitio transforma-se num doce que me explicou todos os pormenores do exame. E esta foi a parte que ouvi: "Primeiro vou desinfectá-la com betadine... vou injectar-lhe o contraste e vai sentir uma dor no fundo da barriga idêntica à do período menstrual porque o circuito é o mesmo, mas em sentido contrário. Ou seja, em vez de ser o sangue a descer é o líquido a subir". E assim foi.
Os olhos fecharam-se com a entrada da agulha que lá ficou num cateter até ao final, mas custou (custa sempre) menos do que aquilo que o meu cérebro julga custar.
Ainda de perninhas para baixo e sem aparelhos, nem líquidos, foi tirada uma radiografia normal à zona em causa. "Tem um piercing no umbigo!", disse a rapariga da cabine. "É verdade", respondi-lhe, "esqueci-me de tirar". "Não faz mal", informou-me.
Agora mais transpirada, era chegada a hora da verdade. Pernas ao alto, aqui vamos nós.
Desinfecção feita, aparelho (ou "torno", como eu lhe chamo) aplicado, liquido injectado. A dor no fundo da barriga já a sentia. "Só isto?", voltava a segredar aos botões que tinham ficado na sala ao lado. "Espero que seja mesmo só isto".
"Não respira". "Já pode respirar". Eram as instruções que vinham do meu lado esquerdo. Parecia uma anedota sobre loiras.
"Não respira". "Já pode respirar". Vira para um lado, vira para o outro, vira mais um bocadinho, agora novamente de barriga para cima e já está. Estava feito.
A dor era muito ténue. Na altura da radiografia dava uma guinadazita, mas efectivamente idêntica à que resistimos no primeiro dia da visita mensal.
Começava a descomprimir. Tinha superado aquela prova e com distinção. Sentia-me heroicamente com mais forças para enfrentar a maternidade. E achei-me mais próxima disso quando no final, a querida assistente me disse baixinho que, pelo que tinha visto à primeira, parecia-lhe tudo bem. No entanto, a apoteose deu-se quando, antes de bater a porta, a mesma rapariga, que parecia ter mau feitio, me desejou "Felicidades". Essa palavrinha bonita que costuma ter as pré-mamãs como destinatárias.
Senti-me feliz e assim continuo.
Agora já sabem. Se tiverem que passar pelo mesmo, dois trifenes pela goela abaixo e deixarem-se levar. O que custa mais é deitar o rabo na plataforma fria da mesa de raio-x.

Bom fim-de-semana.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Aquilo que vou fazer amanhã

Gosto da frase a negrito. Gosto muito.

A histerossalpingografia é um exame radiológico de diagnóstico de patologias uterinas e tubárias. Consiste na introdução de um líquido inócuo de contraste, através do canal cervical, que vai permitir visualizar a cavidade do útero e avaliar a permeabilidade das trompas. Trata-se de uma técnica segura e de execução rápida uma vez que os avanços científicos e instrumentais dos últimos anos permitiram sintetizar materiais intrusivos mais flexíveis, desenvolver procedimentos técnicos menos dolorosos e baixar a dose de radiação necessária. Além disso, e porque se trata de uma técnica digital, permite uma análise de resultados em tempo real. Em casos de impermeabilidade devido a aderências nas paredes tubárias, a pressão do líquido radiopaco introduzido pode ser suficiente para desobstruir as trompas, razão pela qual algumas mulheres com esta causa de infertilidade conseguem engravidar logo no primeiro ciclo menstrual após a realização do exame.
Associação Portuguesa de Infertilidade

(Só vos digo: Ainda bem que não tenho o mau hábito de roer as unhas...)

terça-feira, 1 de abril de 2008

Feliz 1.º de Abril

Engravidei ontem e hoje dei à luz.

Homenagem ao melhor professor que tive e que me ensinou a usar o humor como arma eficaz para exorcizar os males.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Esperança

Li este testemunho aqui e, de tão belo, apesar de duro, achei que tinha que partilhá-lo sobretudo com aqueles que, como eu, às vezes precisam de encontrar novas forças para prosseguir a missão.

Hope
19-10-2007
Quando casei em Setembro do ano 2000 estava decidida a ficar grávida assim que a natureza quisesse. Mal regressei da lua-de-mel deixei de tomar a pílula com a firme convicção que comigo era "tiro e queda". O grande sonho da minha vida sempre foi o de ser Mãe e de preferência de cinco! Ao fim de três meses sem qualquer contracepção já chorava quando que me vinha o período. Decidi então marcar uma consulta para o ginecologista que me seguia na época. Fiz as análises da praxe, o meu marido o primeiro de muitos espermogramas. Fomos aconselhados a "treinar" (palavra odiosa...) porque ainda era muito cedo para exames mais detalhados. Foi a primeira fase difícil na minha luta contra a infertilidade, a época em que comprava testes e mais testes de gravidez, a época de contar os dias, as horas, de devorar calendários e de chorar, sempre desalmadamente, a cada tracinho que não aparecia, a cada caixa de pensos higiénicos que comprava, sempre no próprio dia para não dar azar... Passaram sete meses desde a consulta, o que para mim já era tempo demais. Marquei nova consulta e disse ao médico que queria fazer os tais exames mais detalhados. Eu já tinha 29 anos e o meu marido 37. Achava que estava a lutar contra o tempo. Tive sorte! O médico deu-me ouvidos e encaminhou-me logo para o Prof. Alberto Barros, no Porto. Se eu queria fazer exames então que os fizesse no sítio certo.
Nunca me esquecerei do dia em que conheci o Professor. Se fechar os olhos ainda consigo sentir o calor da mão que apertei, o carinho, a compreensão, o brilho do olhar, a calma, a confiança, a intensidade do perfume inconfundível a que é fiel. Lembro-me das palavras, dos conceitos, das explicações. Sobretudo, consigo recordar a enorme esperança que nos transmitiu e que se renovava a cada encontro, a cada sorriso, a cada olhar. Quando posteriormente conheci a equipa, médicos, biólogos, enfermeiras, recepcionistas, que trabalha na clínica, senti que a esperança se renovava em cada um deles. Iniciei então a saga das análises, histerosalpingografia, histeroscopia, cariótipos, espermogramas, ecografias e ao fim de 2 meses fiz a primeira estimulação. Como não havia qualquer impedimento à gravidez (ambos somos férteis) subimos a pulso todos os estádios da PMA. Em apenas dez meses submeti-me a quatro estimulações e três IA, sem sucesso. Fazíamos parte daquela pequena percentagem de casais que sofrem de infertilidade inexplicada. O próximo passo seria a FIV.Aqui as expectativas foram novamente elevadas. Como não havia qualquer explicação para a nossa infertilidade acreditei que na FIV eu ia engravidar DE CERTEZA! Não foi assim. A FIV correu mal. Por qualquer motivo que mais uma vez ultrapassava o conhecimento científico possível (não é permitida a experimentação em casos clínicos), os espermatozóides não conseguiram fecundar o ovócito ou foi este que não se deixou fecundar, não sabemos, e foi feita uma ICSI de emergência. Resultaram três embriões, fraquinhos, transferidos ao terceiro dia. Avisaram-nos logo que uma gravidez seria pouco provável. No dia em que menstruei não tive qualquer reacção. Já sabia que o nosso sonho ia ser adiado, mas por pouco tempo. Três meses depois já estava a preparar-me para a primeira ICSI completa, que correu lindamente e resultou no meu primeiro positivo. No dia da BHCG já tinha algumas perdas de sangue que podiam, no entanto, ser normais. Com o resultado na mão telefonei ao meu marido, fui ter com ele e disse-lhe que ia ser Pai. Assim, sem mais nem menos: Vais ser Pai! E ele abraçou-me como se lhe tivesse dado a Lua de presente.
Não foi, não aconteceu assim. E então eu desesperei. Zanguei-me com o mundo, zanguei-me com Deus. Baixei os braços e olhei à minha volta: Era o deserto. Na minha luta contra este monstro invisível eu tinha-me esquecido de tudo o resto. Tinha esquecido os amigos, tinha negligenciado o trabalho, mas acima de tudo tinha-me esquecido de mim. Tive que reaprender a olhar à minha volta e não apenas para o meu umbigo. Foi a segunda fase difícil que passei. Nunca estive tão perto de desistir como então. Estive oito meses a recuperar forças, a reconstruir laços, a lamber as feridas, as minhas e as dos outros. Voltei a sair, a divertir-me, a beber um copo de vinho se me apetecesse, a viajar sem adiamentos. Deixei de adiar o que quer que fosse por causa dos tratamentos. Estes é que tinham que esperar se fosse preciso! Dei a volta por cima e voltei a ser eu a dona do meu nariz.
Quando decidi que estava pronta, avancei, sem medos e com os pés bem assentes na terra. Eu tinha um sonho grande e difícil de alcançar. Desistir de engravidar significava para mim desistir do sonho da minha vida. Durante todo o percurso tive consciência que o meu sonho poderia não se concretizar, mas no entanto tinha também a certeza que não queria, um dia mais tarde, olhar para trás e arrepender-me de não ter tentado. Eu queria olhar para trás e ver que fiz TUDO o que estava ao meu alcance para o realizar. Só assim poderia viver em paz comigo própria e com quem me acompanha pela vida.
Meti então pés ao caminho e fiz uma terceira ICSI que nem ilusões nos permitiu ter: apesar do Utrogestan, nem um dia o período se atrasou. Na quarta ICSI (hiper estimulada) a única coisa positiva foi termos pela primeira vez conseguido congelar três blastocistos!
Quando transferimos estes “congeladitos”, um deles campeão, não tínhamos muita esperança numa gravidez. Sabíamos que as percentagens de sucesso eram bem menores nestes casos e por isso mesmo estive sempre muito tranquila na minha espera. À medida que se aproximava o “dia Beta” a ansiedade ia aumentando devagarinho, até porque, para além de não ter indícios de menstruação, achava eu que tinha sintomas de gravidez. Era o peito dorido, os mamilos mais escuros, os cheiros que me incomodavam, uma ou outra tontura… Convenci-me que estava grávida! Fui fazer a análise e pedi por tudo para que ma entregassem às duas da tarde porque não ia aguentar muito mais tempo. Pouco passava das duas quando o meu marido me telefonou a dizer que afinal a análise só estaria pronta às cinco. O que eu não sabia é que o resultado tinha sido negativo e que ele obrigou o laboratório a fazer uma contra-análise porque só se podiam ter enganado. Se eu estava grávida o resultado não podia ser aquele… Quando depois das cinco, ele entrou em casa, chorámos os dois convulsivamente até esgotarmos todas as lágrimas.
Quando na quinta ICSI o resultado foi novamente negativo estive muito perto de desistir. Fui invadida por uma enorme frustração que me sufocava. Não por mais uma vez não estar grávida, nem por ter que fazer tratamentos se queria engravidar, nem por ser o meu décimo terceiro tratamento, nem por nada do que passei e continuava a passar. O que me esmagava era não saber o porquê. Se estava tudo sempre tão bem porque é que o meu positivo não chegava?? Estava cansada de lutar contra o monstro invisível da infertilidade. Sentia que me faltavam as forças para continuar...
Decidi tirar mais umas férias de tratamentos. De vez em quando era preciso voltar a ter uma vida normal.

Quando me senti preparada para avançar para mais um tratamento, o décimo quarto, pedi ao meu médico assistente para voltar a repetir alguns exames. Queria ter a certeza que continuava fisicamente bem ao fim de três anos e tal de tratamentos em regime intensivo. Foi o melhor que fiz. Na histeroscopia descobriram-me um mioma no canal cervical, mesmo perto do colo do útero, que, nas palavras do médico, não era impeditivo de gravidez, mas, pelo sim pelo não, achava que era melhor que eu fosse operada.
Fui então internada e o mioma foi retirado. Aguardei 2 meses e parti para a sexta ICSI cheia de esperança.

Foi então que o meu sonho tomou forma. O meu positivo chegou com números expressivos. Eu estava finalmente grávida e o mundo ficou, de repente, ainda mais bonito.É uma sensação tão plena que é impossível de descrever…

Quando o Francisco nasceu, depois de uma gravidez tranquila, eu chorei primeiro de alívio e só depois de felicidade. Não descansei enquanto não ouvi os seus primeiros vagidos, enquanto não tive a certeza que o meu menino estava bem e cheio de vontade de viver!
Este bebé é de todos aqueles que acreditaram nele. É dos médicos que me incentivaram, é dos biólogos que me ensinaram a acreditar sempre, é todos aqueles que sempre tiveram uma palavra amiga. E é muito de todas as minhas amigas, reais e virtuais, que sempre estiveram ao meu lado a darem-me força quando eu precisei, que me ajudaram a limpar as lágrimas quando elas caíam e que se riram comigo à gargalhada tantas vezes!

Hoje, ao olhar para trás, apesar de ter muitas vezes fraquejado, digo que passava por tudo de novo. Ter este meu filho em casa, após cinco longos anos de espera, faz com que tudo o que passou se esqueça!

A todos os que lerem este meu testemunho, gostava de deixar uma palavra de força e de esperança. Gosto de pensar que o céu está cheio de pequenas estrelas que Deus nos vai enviando devagarinho. Só que há umas estrelinhas mais especiais, das quais Ele gosta tanto que Lhe custa separar-se delas. Essas, são as que um dia vos vão chamar MÃE.

Joana Rebelo Reis (HOPE)