quarta-feira, 30 de abril de 2008

Bom fim-de-semana

Para quem, como eu, for disso.
Antes de partir deixo um docinho chamado Yael Naim.

Enquanto isso

Aguardo pelo fim deste ciclo para dar início ao plano B.
As dores nos rins já me molestam há uma semana, mas, tal como tinha previsto, a coisa só deve descambar no domingo, precisamente um dia depois do aniversário do meu príncipe.
Assim sendo, o melhor é dar-lhe os "presentes" até sábado porque passada essa data há que contar 16 dias até à oferenda seguinte!

Work out

Como deu para perceber há muito, a histeria das caminhadas não passou disso mesmo. As desculpas da boca para os botões eram as mais diversas: Trabalho, cansaço, trabalho, fazer o jantar, trabalho, cansaço. Tretas, asseguro-vos.
Entretanto, o posto de labuta estabeleceu um protocolo com um ginásio cá do bairro e achei que seria criminoso se não passasse por lá nem que fosse para ver como param as modas.
Hoje, lá fui, com a vestimenta de trabalho ainda no corpo, a bolsa ao ombro, a mochila com a indumentária desportiva na mão e um saco na outra (que figurinha). Como o tempo era escasso, troquei de trapos num piscar de olhos e de imediato saltei para a sala das operações. Tapetes, elípticas (ou lá como se chama aquela tralha), pesos nas pernas, pesos nos braços, pesos no lombo, abdominais. Só saltei a bicla porque, segundo a monitora, já ia com o aquecimento feito e os bofes de fora. Ao fim de 50 minutos, o corpo, agora mais maçado, conduziu-me a um banho rápido para apanhar a boleia do meu querido. Saí a correr, tal como tinha entrado. Comi uma sanduíche a correr e voltei ao trabalho.
Agora que já consigo respirar, sinto-me bem. Sinto que consegui chegar lá, que finalmente gastei 50 minutos em mim.
Falta constatar se vou ser capaz de me dispensar muitos outros.
Vocês vão estar aí para me pedir contas! Espero.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Programa de Festas

Um bocadinho a destempo, como distintíssimas leitoras se queixaram e bem, apraz-me vir a este cantinho divulgar o resultado da consulta.
O passo que se segue não inclui agulhas, nem algo que se pareça. Vem tudo em cápsulas e revestidas para não fazer estragos. As pastilhas vão ser tomadas pelos dois, mas em alturas diferentes. A saber: Ele já começou com Dufine (o citrato de clomifeno), que tanto induz a ovulação, como aumenta a produção de espermatozóides. Como se pode confirmar pelo gráfico minuciosamente preparado pela médica, ao quinto dia do próximo ciclo arranco eu com um comprimido por jornada, durante cinco dias. Ao 16.º: RS que em bom português significa Relações Sexuais e em força (depois de uma abstinência de 16 dias para que os bicharocos do futuro papá estejam cheios de pujança!). Nesses cinco dias, convém investir na parte boa da coisa, mas, como não há bela sem senão, apenas estamos "autorizados" a fazê-lo dia sim, dia não. Entre o mesmo 16.º e o 25.º dia, guardo a caixa do Dufine (com a esperança de não precisar dela no mês seguinte) e troco-a pela de Duphaston que tanto serve para regular o período menstrual, como para o tratamento da infertilidade e insuficiência luteínica. Como disse a doutora: "primeiro induz-se, depois faz-se a cama". Tenho ainda que voltar aos testes de ovulação, mas apenas ao 15.º dia, para ver se desta vez a madame deu o ar de sua graça!
Vai ser um novo mês bonito. Mais romântico é impossível...
A vantagem é que tanto o Dufine, como o Dufhaston não são caros. Cerca de 8 euros cada um. O raio dos testes de ovulação é que tornaram a arrombar-me o cofre.
E na farmácia quase não resistia ao piscar de olhos de um creme novíssimo para o tratamento de estrias. É do laboratório que avançou com a botolina e com outras tralhas do género. Dizem que é uma espécie de rei Midas das drogas de beleza, mas 80 euros é muita fruta. Há prioridades!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Bom fim-de-semana


(Respirar fundo. Daqui a pouco há novidades)

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Nível 2

Depois de ter falado com a assistente da médica na segunda-feira e de não ter recebido qualquer resposta, tratei de enviar uma sms ontem às 14h14:

"Boa tarde, dra. Peço desculpa por estar a enviar-lhe esta sms, mas fiquei de ligar-lhe assim que acabasse os testes de ovulação que já faço há dois meses e sempre com resultados negativos. Aguardo as suas indicações. Obrigada."

A resposta surgiu às 17h44. Ligou-me e combinámos que eu passaria lá na quinta-feira entre as 19h30 e as 20h00 para me explicar a toma dos medicamentos que vai prescrever-me. "Explicar"? Implica explicações? Espero que não inclua agulhas. Amanhã veremos.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

No final de mais um mês de testes

E, como se depreendeu pelos negativos, de mais um ciclo, há que ligar à médica para dar conta dos resultados e esperar pela sentença.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Bom fim-de-semana

Em vésperas de mais um fim-de-semana, desta vez chuvoso, o melhor é ficar no quentinho. Deixemos a música rolar e, entre trauteios, peçamos aos que estão connosco o amor apenas pelo Amor: "Kiss me, oh kiss me".

E o burro sô eu?

Sou. Indubitavelmente.
Acreditar que este seria o meu período fértil?!? Bah.
Tudo na mesma.
Nada na manga...

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Parece-me que alguém vai ter que adiar a aula de karaté...

Num dos momentos de casa-de-banho em que tenho por hábito fazer-me acompanhar por leitura, seja ela qual for, aproveitei para reler a bula dos testes de ovulação e, como seria de prever, encontrei elementos novos. Nomeadamente o facto de aquelas que – tal como eu – têm ciclos mais longos, necessitarem de fazer outras contas.
Ou seja, o dito documento avança que as mulheres com ciclos de 35 dias ovulam 17 dias antes do período menstrual seguinte.
Assim, pelas minhas contas, o dito deve surgir a 4 de Maio. Logo, o período fértil é a... hmm... hmm... 17 de Abril.
Isso é hoje, não?

Amanhã o novo teste o comprovará.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Ao 18.º dia

Restam dois testes na caixa. Este suplício nunca mais acaba para poder ligar à médica e pedir-lhe ajuda.
Já nem sei por que olho para o visor. Aquela treta continua a não detectar ovulação.

E a máquina fotográfica pronta para o "smile" que não chega.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Cordon Bleu Folhado ou Rolinhos de Carne Folhados ou o Prazer de Cozinhar

Enquanto se aguarda pela cria, há que namorar, trabalhar, cozinhar, jantar com os amigos, enfim, Viver. E da melhor maneira possível.
Como ainda não vos disse, aproveito para contar agora que cozinhar é um dos meus passatempos favoritos. Doces ou salgados. Mas sou daquelas que acham que na cozinha só se inventa quando já se sabe muito. Por isso fico furiosa quando oiço aquelas meninas que não percebem pevas de culinária dizerem que na cozinha não fazem este ou aquele prato especial, que o que gostam mesmo é de inventar. Como se a alquimia gastronómica fosse uma mera lotaria. Não seria muito melhor e honesto admitir simplesmente que não sabem? Enfim...
Leio muito sobre o assunto, sigo sempre à risca os conselhos de conhecedores e tenho-me dado bem. Por isso, como estou quase a entrar no "ensino universitário" da arte, atrevi-me a criar. Não a inventar, nada disso. E é grande a diferença entre inventar (juntar uma amálgama de ingredientes e esperar que a sorte os proteja no resultado) e criar (conhecer o resultado da junção de determinados ingredientes e melhorá-la).
O meu querido delicia-se quando lhe faço o Bife Wellington ou Bife Folhado composto por um belo e alto naco de carne e massa folhada. No entanto, a carne que se escondia ontem no congelador não era alta, mas sim, uns bifes baixinhos que tinham sobrado das francesinhas de sexta-feira. Pois bem, depois de salgados e apimentados, sobre eles repousaram fatias de fiambre e de queijo. Foram enrolados e presos por um palito.
Numa frigideira quente, formaram rapidamente a carapaça dourada e soltaram o sangue. A cozedura tinha-os casado e dispensava o palito que se retirou.
O forno estava aquecido (180º) e pronto para receber o preparado. Na forma com cama de papel vegetal os rolinhos deixaram-se embrulhar numa capa de massa folhada pincelada com gema de ovo.
Dez minutos bastaram.
Ele deliciou-se e eu também a vê-lo comer com tanto gosto.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Clomifeno

O tipo de fármaco que se escolhe para induzir a ovulação depende do problema específico. Para uma mulher que não tenha ovulado durante muito tempo (anovulação crónica), é indicada a administração de clomifeno. Primeiro, induz-se um período menstrual com outro fármaco, o acetato de medroxiprogesterona. Em seguida, administra-se o clomifeno durante 5 dias. Em geral, a ovulação produz-se entre 5 e 10 dias (normalmente 7 dias) depois de interromper o clomifeno e a menstruação 14 ou 16 dias depois da ovulação.
Se depois do tratamento com clomifeno a menstruação não aparecer, deve ser feito um teste de gravidez. Se a mulher não estiver grávida, o ciclo de tratamento repete-se com doses cada vez mais altas de clomifeno até que a ovulação se produza ou se atinja a dose máxima aconselhada. Quando se tiver determinado a dose que induz a ovulação, volta-se a administrar durante pelo menos mais seis ciclos de tratamento. A maioria das mulheres que engravidam fazem-no no sexto ciclo em que a ovulação se produz. No total, 75 % a 80 % das mulheres tratadas com clomifeno ovula, mas só entre 40 % e 50 % ficam grávidas. Por outro lado, cerca de 5 % das gravidezes em mulheres tratadas com clomifeno são múltiplas, sobretudo gemelares.
Como se suspeita que a administração prolongada de clomifeno pode implicar um maior risco de cancro do ovário, os médicos adoptam várias precauções, como o exame da paciente antes do tratamento, o controlo exaustivo durante o mesmo e a limitação do número de ciclos de tratamento.
Os efeitos secundários do clomifeno consistem em afrontamentos, inchaço abdominal, dor mamária, náuseas, perturbações visuais e cefaleias. Cerca de 5 % das mulheres tratadas desenvolve a síndroma da hiperestimulação ovárica, na qual os ovários aumentam consideravelmente de tamanho e uma grande quantidade de líquido passa da circulação sanguínea para a cavidade abdominal. Para evitar este problema, é administrada a dose mais baixa e eficaz possível e se os ovários aumentarem de tamanho suspende-se o tratamento.

(ver mais aqui)

Outras causas de infertilidade

(Entre muitas outras)
Doenças respiratórias. A doença dos cílios imóveis (sinusite crónica, bronquite crónica, bronquiectasias) impede o movimento do embrião ao longo das trompas em direcção à cavidade uterina e causa imobilidade dos espermatozóides. A asma e as dificuldades respiratórias também dificultam a gravidez e o parto.

Dos exames

A minha médica ligou na sexta-feira, às 22h53.
Constatou aquilo que já sabíamos, que os níveis dele estão abaixo do normal, mas que não são motivo de preocupação. Quanto ao novo espermograma, virá mais lá para a frente.
Sobre a minha pessoa, e pelo que lhe tinha chegado às mãos da histerosalpingografia, garantiu que estava tudo bem. Quanto ao facto de não estar a detectar períodos férteis, pediu que fizesse os testes até ao fim e que lhe ligasse no final do mês, caso a não-ovulação se repetisse.
Para já, exigiu-nos calma. "Nada de ansiedades", assim se chama o remédio que nos prescreveu. Acho que está esgotado!

Xixis

Isto de andar a fazer testes de ovulação dia-sim, dia-não é uma grande treta.
Por que raio os meus dias férteis não são como os que imaginava? Invariavelmente todos os meses, ali nas imediações do 14.º dia?
E o problema não é acontecerem em datas imprevistas, mas sim, nem sequer acontecerem.
No segundo mês de testes e, dia-sim, dia-não, o resultado mantém-se. Nada de "smiles" no mostrador do aparelho e já vamos na 16.ª jornada do ciclo.
Porém, como se não bastasse a decepção, ainda tenho que aguentar o xixi até à hora do despertador pelo facto de o teste só ser rigoroso com xixis de cinco horas. Isto de tecnologias caprichosas!...
Assim sendo, o sono destes dias é atormentado por sonhos nos quais vejo o ansiado "smile" e noutros repletos de sanitas prontas a receber a minha libertação de águas.
Nos dias que correm, e correr é o verbo, suspiro de alívio quando o despertador soa. Os olhos reviram quando o xixi consegue finalmente abandonar o meu corpo. Mas não sem antes embater na palheta do teste que me tem dito que ainda não ovulei.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Agora já sabemos

O Joca ligou de manhã para o Centro de Genética para tentar que lhe decifrassem o diagnóstico. A assistente remeteu-o para o professor que, para nosso azar, só o poderia atender telefonicamente a partir das 14h00. Com um nó na garganta motivado pelo nervoso miúdinho lá aguentámos até à hora H. Nem mais um minuto.
Com os olhos no tecto e a mão que não segurava o telefone agarrando o papel com os resultados do exame, ele aguardava em silêncio que o toque intermitente de quem espera fosse atendido. Não foi à primeira. Pousou o auscultador e tentou uma segunda vez. Uma voz surgiu de imediato do outro lado.
- Boa tarde, liguei hoje de manhã para... sim, exactamente... já posso falar com o professor?
E pôde. O professor atendeu-o prontamente e, num tom apaziguador, explicou-lhe que quase todos os parâmetros estavam normais, à excepção do da quantidade de espermatozóides que se revelava inferior à normal. Podia ser muita coisa, disse-lhe. "Pacientes" há, explicou, que num mês fazem este exame e têm o mesmo resultado e um mês depois já se deparam com abundância de espermatozóides.
Aconselhou-o a esperar um a três meses para repetir o exame. Nessa altura já há um comparativo.
Para já, os envelopes seguiram para a minha médica.
Aguardamos agora pelo telefonema dela.
Aguardar é o verbo.

Enquanto isso, um vídeo muito bonito, a exemplo da música, escolhido para aquelas que, como eu, aguardam pela bênção de ter uma cria como esta dentro delas.

Bom fim-de-semana.

Nem sei o que pensar

Ontem à noite, quando cheguei a casa vi que o envelope do centro de genética já me esperava. Abri-o, sofregamente. Do que li, percebi pouco, pois não são fáceis as mensagens encriptadas que os laboratórios passam aos médicos. Do que li, percebi apenas que a amostra recolhida não continha um número suficiente de espermatozóides. Ele bem tinha dito que não tinha sido muito expansivo...
Não sei bem o que aquilo significa, mas, mesmo antes de ouvir a sentença da médica, parece-me que ele vai ter que repetir a proeza e, em vez de três dias de abstinência, talvez seja melhor uma semana. E, os 75 euros iniciais em exames do género vão, afinal, passar a 150. Para já.
Contudo, o que mais me preocupa é o facto de não ter sido detectado um número suficiente de espermatozóides. Não sei se é sinónimo de amostras pouco generosas ou se representa uma temível anomalia.
Pouco depois encontrei-o na lavandaria a apagar um cigarro. “Não devia ter fumado, pois não?”, questionou-me.
Baixei os braços.
E ainda nem sequer sabemos o que significa aquela mensagem encriptada...

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Glossário

E ainda haverá quem acredite que não estamos sempre a aprender?
Hoje, por causa do resultado do meu exame descobri que há os úteros em anteversão, como é o meu caso, e outros, retrovertidos. Para quem, como eu, não fazia a mais pálida ideia de que tal existia, aqui fica uma das imensas explicações que encontrei na net.

Anteversão do Útero
(fr. antéversion de l’utérus; ing. anteversion of uterus). Inclinação do fundo do útero para a frente, que é a sua orientação normal. Ant. de retroversão do útero.


Retroversão do útero (ou uterina)
(fr. rétroversion de l’utérus ou utérine; ing. retroversion of the uterus). Desvio do útero no qual o fundo deste órgão se encontra deslocado para trás, ao passo que o colo se desvia para a frente e para cima, atrás da sínfise púbica. Ant. de anteversão do útero.


Saber que o meu útero tem uma orientação normal faz-me respirar de alívio. Não que alguma vez suspeitasse que ele pudesse ter uma qualquer orientação, mas agora que sei que é dotado disso, fico feliz por sabê-lo dentro dos parâmetros comuns.

No papelinho com o resultado do meu exame lê-se:

“No radiograma para estudo simples não observamos imagens radiopacas com significado patológico.
Os radiogramas obtidos durante e após a introdução retrógrada do contraste evidenciam um útero em anteversão* com uma cavidade do corpo apresentando morfologia e dimensões conservadas, sem defeitos de repleção** ou imagens de adição.
As trompas estão permeáveis, com calibre e morfologia normais, sendo também normal a difusão do contraste na cavidade peritoneal.”

* Posição oblíqua do útero
** Estado do que é repleto/Pletora (excesso de humores ou sangue, excesso de seiva, superabundância)

Parece serem boas notícias, não?

E andamos nisto

Daqui a duas horitas, o Joca vai buscar o resultado da histerosalpingografia.
O envelope com a sentença do exame que ele fez ainda não aterrou na nossa caixa de correio.
E, ao 12.º dia de ciclo, o aparelhómetro continua a não detectar períodos férteis.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Enquanto aguardamos pelo resultado dos exames

Olho à minha volta e penso que anda meio mundo a copular e outro meio a carregar o peso das cópulas. É só líbido. Isso e homens tão enganadinhos. Estarão, provavelmente, a gozar os seus últimos momentos de verdadeiro prazer.
É notável que em tantos anos de vida na Terra, ao lado das mulheres, ainda não se tenham apercebido da extraordinária capacidade das suas senhoras de perseguir os objectivos. Em boa verdade se diga que muitos deles ainda não "realizaram" que cumprem apenas a missão de inseminadores. Isto a avaliar pelo que vejo a minha volta, claro está.
Elas, as que estão a minha volta, não param na busca dos seus objectivos.
Corpos torneados escondem o sangue frio das serpentes que se enrolam no corpo deles. No entanto, antes do acto, elas já tiraram temperaturas, avaliaram mucos, contaram dias de ciclo, tomaram ácido fólico e até calcularam na internet a data prevista do parto originado por aquele momento sexual.
Eles, quais virgens desprotegidas, colocam apenas os sapatos a arejar na varanda e deixam-se levar pela tornado que lhes invade toda a propriedade.
Felizes daqueles que, como o homem que testemunha a minha vida, são obrigados a estes rituais durante meses a fio. Anos a fio, na melhor das hipóteses. Tempos incessantes de sexo regular, mesmo que de qualidade duvidosa e que, quase sem excepção, termina com mulheres de pernas ao alto tentando com isso conduzir o líquido precioso ao Santo Graal.
Depois...
Olho à minha volta e observo aquelas que já são mães, mas reparo, sobretudo, naqueles que já são pais. Elas, felizes, apaixonadas pelos rebentos, mesmo que as crias já tenham atingido a maioridade, é de descanso que mais reclamam ao final do dia. Os assédios dos companheiros são sacudidos. Elas, segundo eles, fecham os olhos e caem no mais profundo dos sonos.
Eles, também segundo eles, pregam as vistas nos jogos de computador, na televisão, nos livros que agora lhes fazem companhia.
Eles recordarão vezes sem conta os dias em que elas, com objectivos procriativos, sabem-no agora, os assediavam ou se deixavam levar pela emoção.
Eles sonharão amiúde com o local que um dia os uniu pelo prazer, mas que os separou assim que por lá deixou que passasse uma criança.

(Ia começar a escrever uma coisa banal sobre o facto de estarmos à espera dos resultados dos exames e de ter começado com os testes de ovulação e apercebi-me que, apesar de tudo, já não vou à internet ver os cálculos de dias férteis, nem nos "aplicamos mais" nessas datas. Sinto que as coisas estão agora a fluir com naturalidade e, acima de tudo, com a vontade expressa dos dois. Apenas pela vontade. E foi assim que me lembrei do resto…)

sexta-feira, 4 de abril de 2008

'tá feito

Acho que já deu para perceber que não sou daquelas raparigas corajosas que avançam para análises e exames – sejam eles de que natureza forem – sem receios. Daquelas ganapas que dizem que "o que tem que ser, tem muita força". Nada disso, bem pelo contrário. Sussurro vezes sem conta com os meus botões que "é por uma boa causa", mas continuo a sentir os calores, as mãos suadas e a barriga às voltas. Todos aqueles sintomas que não fazem parte do meu quotidiano, já que, até no Verão durmo de "peúcos" (como dizia uma antiga empregada dos meus pais), tenho sempre as mãos geladas e padeço de uma eterna e crónica prisão de ventre. Mas daquela prisão da qual só consigo evadir-me uma vez por semana. Segundo a minha mãe, sou assim desde pequena. Ainda na escola primária, imaginem, os nervos nas vésperas dos testes davam-me para correr para a casa-de-banho? Intestinos soltos por causa de provas de meio físico e social? Agora pensem como é que uma pessoa destas pode estar concentrada e ao mesmo tempo com as nádegas contraídas em plenas orais com professores universitários? Enfim... Adiante.
Chegada ao local tive que responder a um inquérito. Nome, idade, doenças, medicações que fazia... até aqui, tudo bem... o problema foi quando cheguei à parte do "ingeriu alguma coisa nas últimas 3/4 horas?". "Pois está claro que sim", pensei, "ainda agora almocei". "Ninguém me tinha dito para não o fazer". E no "Sim" lá tive que colocar a cruzinha. Mas a coisa piorou logo a seguir: "Se respondeu que sim, mencione o que ingeriu". "Tenho que colocar a ementa do meu almoço?", questionei a assistente que acenou positivamente com a cabeça. Bonito! E timidamente sarrabisquei: "Pataniscas/Feijão frade/Fruta". Lindo, não é? Melhor só se acrescentasse a ingestão de "meio quartilho de vinho". Adiante, mais uma vez.
Esperei uns minutitos, sempre com receio de que a coisa demorasse e fizesse passar o efeito dos dois Trifene 200 que tinha emborcado meio hora antes. Não foi esse o caso. Uma miúda baixinha e de cabelo encaracolado, de aparente mau feitio, chamou por mim e levou-me à sala onde teria de despir-me da cintura para baixo e tapar-me com uma bata que apertava com uns atilhos nas costas, calçar uns plásticos e esvaziar a bexiga. Já o tinha feito antes. Claro.
Perguntou-me também da asma e avisou-me que, provavelmente, iria ter de ministrar uma injecção de cortisona porque, por causa do contraste, havia a possibilidade de fazer alergia.
"Ó sorte!", murmurei. "Eu que gosto tanto de agulhas". E comecei a tremer ainda mais.
Assim que me aperaltei, sentei-me de perna cruzada, esperando no mesmo quartinho. As mãos estavam mais suadas ainda, as bochechas rosadas e aquela volta na barriga estava a dar-me cabo da paciência. Ui. Receando passar por vergonhas, tratei de aliviar o que havia a aliviar. Meu dito, meu feito. Agora sim, continuava com medo, mas ele já não me iria fazer borrar a pintura.
Esperei mais uns minutitos e a porta, a famigerada porta, abriu-se. Engoli em seco, sorri um sorriso amarelo e entrei.
À minha frente uma plataforma onde me deitei com os tradicionais apoios das pernas que bem conhecemos dos ginecologistas. Já na horizontal e enquanto me era colocado o garrote (é o termo mais técnico que conheço para a coisa), a rapariga que parecia de mau feitio transforma-se num doce que me explicou todos os pormenores do exame. E esta foi a parte que ouvi: "Primeiro vou desinfectá-la com betadine... vou injectar-lhe o contraste e vai sentir uma dor no fundo da barriga idêntica à do período menstrual porque o circuito é o mesmo, mas em sentido contrário. Ou seja, em vez de ser o sangue a descer é o líquido a subir". E assim foi.
Os olhos fecharam-se com a entrada da agulha que lá ficou num cateter até ao final, mas custou (custa sempre) menos do que aquilo que o meu cérebro julga custar.
Ainda de perninhas para baixo e sem aparelhos, nem líquidos, foi tirada uma radiografia normal à zona em causa. "Tem um piercing no umbigo!", disse a rapariga da cabine. "É verdade", respondi-lhe, "esqueci-me de tirar". "Não faz mal", informou-me.
Agora mais transpirada, era chegada a hora da verdade. Pernas ao alto, aqui vamos nós.
Desinfecção feita, aparelho (ou "torno", como eu lhe chamo) aplicado, liquido injectado. A dor no fundo da barriga já a sentia. "Só isto?", voltava a segredar aos botões que tinham ficado na sala ao lado. "Espero que seja mesmo só isto".
"Não respira". "Já pode respirar". Eram as instruções que vinham do meu lado esquerdo. Parecia uma anedota sobre loiras.
"Não respira". "Já pode respirar". Vira para um lado, vira para o outro, vira mais um bocadinho, agora novamente de barriga para cima e já está. Estava feito.
A dor era muito ténue. Na altura da radiografia dava uma guinadazita, mas efectivamente idêntica à que resistimos no primeiro dia da visita mensal.
Começava a descomprimir. Tinha superado aquela prova e com distinção. Sentia-me heroicamente com mais forças para enfrentar a maternidade. E achei-me mais próxima disso quando no final, a querida assistente me disse baixinho que, pelo que tinha visto à primeira, parecia-lhe tudo bem. No entanto, a apoteose deu-se quando, antes de bater a porta, a mesma rapariga, que parecia ter mau feitio, me desejou "Felicidades". Essa palavrinha bonita que costuma ter as pré-mamãs como destinatárias.
Senti-me feliz e assim continuo.
Agora já sabem. Se tiverem que passar pelo mesmo, dois trifenes pela goela abaixo e deixarem-se levar. O que custa mais é deitar o rabo na plataforma fria da mesa de raio-x.

Bom fim-de-semana.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Aquilo que vou fazer amanhã

Gosto da frase a negrito. Gosto muito.

A histerossalpingografia é um exame radiológico de diagnóstico de patologias uterinas e tubárias. Consiste na introdução de um líquido inócuo de contraste, através do canal cervical, que vai permitir visualizar a cavidade do útero e avaliar a permeabilidade das trompas. Trata-se de uma técnica segura e de execução rápida uma vez que os avanços científicos e instrumentais dos últimos anos permitiram sintetizar materiais intrusivos mais flexíveis, desenvolver procedimentos técnicos menos dolorosos e baixar a dose de radiação necessária. Além disso, e porque se trata de uma técnica digital, permite uma análise de resultados em tempo real. Em casos de impermeabilidade devido a aderências nas paredes tubárias, a pressão do líquido radiopaco introduzido pode ser suficiente para desobstruir as trompas, razão pela qual algumas mulheres com esta causa de infertilidade conseguem engravidar logo no primeiro ciclo menstrual após a realização do exame.
Associação Portuguesa de Infertilidade

(Só vos digo: Ainda bem que não tenho o mau hábito de roer as unhas...)

terça-feira, 1 de abril de 2008

Feliz 1.º de Abril

Engravidei ontem e hoje dei à luz.

Homenagem ao melhor professor que tive e que me ensinou a usar o humor como arma eficaz para exorcizar os males.