sexta-feira, 26 de setembro de 2008

E dura, dura, dura...

Os exames continuam.
Já só faltam os tais que servem para avaliar se houve alguma alteração genética: o cariótipo e a microdelecção do cromossoma y. E faltam esses porque descobrimos que se forem feitos em clínicas privadas custam 400 euros. 400 euros!!! Se não houvesse outro remédio, lá teríamos que puxar os cordões à bolsa, mas como a necessidade sempre aguçou o engenho, descobrimos que o hospital de S. João realiza os mesmos exames pela módica quantia da taxa moderadora. “Um euro e tal”, disse a telefonista do serviço de genética da dita unidade hospitalar. Para isso, o rapaz só necessita do famigerado P1 e, assim que o tiver, pode deslocar-se a qualquer hora ao S. João e fazer a recolha de sangue que também não obriga a qualquer tipo de preparação.
O problema é que para se pedir o tal P1 (“Papel? Que papel? Papel? Que papel? O papel.”) é preciso estar inscrito no centro de saúde, coisa que, o meu cachopo não estava. Não estava, disse bem – não “estava” –, até hoje de manhã porque agora já faz parte dessa grande família que abraça os beneficiários do Serviço Nacional de Saúde.
Mesmo assim, o P1 só deve ser passado de hoje a uma semana (“Papel? Que papel? Papel? Que papel? O papel.”), depois da consulta com a médica de família. Aguardamos tranquilamente.

Bom fim-de-semana.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O esternocleidomastoideu

Os exames a que o meu miúdo se tem submetido são, de longe, bem mais difíceis do que os do Vasquinho da Anatomia. Qual esternocleidomastoideu!
Ontem foram mais dois: Um ecodoppler ao escroto e uma ecografia prostática trans-rectal prostática. Doppler, escroto, prostática e Trans-rectal, leram bem.
Nem sequer sabia o que aquilo significava, nem quis saber, mas por temer que fosse doloroso, acho que estava mais nervosa do que ele e consegui ficar ainda mais quando o vi ser levado pela assistente do consultório.
Saiu cerca de dez minutos depois e vinha com o sorriso do costume, apesar de admitir que tinha "custado um bocadinho".
Está feito. Ufa.
Os resultados estão prontos no dia 24. Antes, porém, o médico que o examinou já disse que está tudo bem!
Boa.
Amanhã a saga continua com análises ao sangue.
Depois só falta o cariótipo e a microdetecção do cromossoma Y para avaliar se houve alguma alteração genética que possa justificar os resultados do primeiro espermograma.
Ah! E por falar nisso... O próximo espermograma é já na segunda-feira.
E se provas faltassem desta nossa vontade de ser pais, a estocada final tinha sido dada ontem pela minha pessoa. Afinal, quantas mulheres compram «GQs» para os maridos? Ah pois é! Comprei e devo ter deixado a rapariga da loja cheia de pontos de interrogação. É que além da revista masculina, para ele, lá iam mais duas publicações de receitas culinárias. Tudo a ver.
Foi a primeira vez que lhe comprei uma revista cheia de garinas semi-despidas e espero, sinceramente, que tenha sido a última. Mas o acto de segunda-feira assim o obriga. E é a «GQ», não é a «Gina»!
Adiante.
Assim, à boa maneira adolescente e na ausência da minha presença, pode ser que o miúdo não se sinta tão intimidado com as paredes brancas da casa-de-banho do consultório!!!
No presente momento, a minha esperança reside nas capacidades da Helena Coelho.
Se bem que, agora que penso nisso, não tem muita piada concluir que parte do nosso filho possa ser fruto de um pensamento libidinoso em relação a outra mulher que não a santa mãezinha dele.
Hmmmm... Pensando bem... Acho que na segunda-feira vou trocar-lhe as voltas e as revistas. Acredito piamente que ele, tal como eu, consiga satisfazer-se plenamente com fotografias de pudins e de pargos no forno.

Bom fim-de-semana.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Aguardamos

O silêncio tem-se prolongado por falta de assunto e não por falta de vontade de cá vir. Aguardamos. É isso que se passa.
Entre a marcação de exames e as chamadas recebidas a adiar outros, aguardamos.
O rapaz já foi ao andrologista e, apesar do desconforto causado pelos actos médicos a que a consulta obrigava, parece estar tudo normal. Deixou o consultório com três requisições na mão. Uma para exames ao sangue, outra para ecografias e outra ainda para um estudo num centro de genética.
O espermograma que devia ter sido feito hoje foi, afinal, adiado para segunda-feira devido a um problema com o microscópio. Bah.
Enquanto isso, aguardamos. Serenamente.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Bom fim-de-semana

Para encerrar a jornada laboral aqui fica uma das músicas que tão gratas recordações me traz. Sorrio sempre que a ouço. Mesmo que sejam seis da manhã. Lembra-me o meu querido amigo Vasco que se foi cedo de mais. Um dia falo-vos dele, um dos meus anjos da guarda, uma das estrelas que avisto no firmamento.
Mal sabia, aos 17 anos, que a música que então escutávamos juntos, seria a música que para sempre nos uniu. «Stars».

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Nó cego


Ele já me explicou que é ansiedade. Disse que é o verdadeiro nó na garganta.
Talvez seja.
É estranho. É novo.
Apesar do alívio resultante da consulta de segunda-feira, ando há uns dias com uma sensação de asfixia. Sinto qualquer coisa entalada na garganta, como quando engolimos um alimento, em vez de o mastigarmos.
Por isso, o aperto na zona do tórax e a voz à beira da afonia.
Ele diz-me que é ansiedade.
Talvez seja.
Pelo sim, pelo não, uns chazinhos e copos de água extra para ver se o alimento desce ou o nó se desfaz.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Post it

Mais

Foi ontem o dia da esperada, desesperada, ansiada, exasperada consulta de infertilidade. Correu bem. Muito bem, diga-se. Foi a primeira de muitas.
Uma vez mais com os envelopes das análises na mão, mas agora acompanhada, entrei no mesmo consultório da semana passada para ser recebida por um simpático senhor doutor de bigode. Foi sorridente, amistoso e sempre disponível para traduzir qualquer termo mais técnico que fosse surgindo na conversa. E surgiram muitos.
Confirmou aquilo que já sabíamos, que os números do espermogramas não são maus, "são péssimos", e que engravidar naturalmente seria praticamente impossível.
O meu rapaz ficou com um ar sério, pesado e com um semblante de quem carregava uma tonelada de responsabilidade por aquela infertilidade. Enquanto limpava a testa dos suores nervosos perguntava sofregamente: “E há alguma coisa que eu possa fazer?”.
O “não” que se seguiu deitou-o quase por terra, até que o médico o salvou do iminente desabamento explicando que “naturalmente” não há nada a fazer, mas com recurso a ICSI* (Intracytoplasmic Sperm Injection. Traduzido: Injecção Intracitoplasmática de Espermatozóide) tudo vai ser simples. E assim vai ser porque, apesar de tudo, “há gâmetas”. E a idade ajuda!
“Então está confiante, doutor?”, perguntei-lhe. “Estou, completamente confiante”, respondeu. “Se não for à primeira, é à segunda”, acrescentou com a certeza de quem olha nos olhos.
Os nossos sorrisos rasgaram-se. Os suores na testa foram desaparecendo, assim como os receios.
A caminhada ia começar.
Primeiro, um novo espermograma para confirmar valores, depois uma consulta de andrologia para perceber causas, seguida de uma nova consulta de infertilidade com o doutor bigodes para fazer o ponto de situação.
Inspirar, expirar... Aqui vamos nós!

* Hoje é a melhor técnica de tratamento da infertilidade atingindo até 60% de êxito em mulheres com menos de 35 anos. Esta técnica também permite uma esperança para homens que nunca teriam a possibilidade de ter filhos. Os espermatozóides são obtidos através de colheita natural ou aspiração do epidídimo ou extraído do testículo. Estes espermatozóides são injetados diretamente dentro do óvulo e os embriões são implantados no útero através das mesmas técnicas da fertilização in vitro. (in www.gineco.com.br)

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Conto.

Conto que ainda estou meia abananada com o que ouvi na longa e deliciosa conversa de sexta-feira.
Agora sabemos com certeza firmada que temos um problema e que a medicação que fizemos durante quatro meses – o Dufine e o Duphaston – não passou de um “andar a brincar”. Bastou mostrar o resultado do espermograma para ser informada que o mal residia ali. Procriar naturalmente seria “uma lança em África”.
Com este cenário, foi-nos sugerido avançar para fertilização in vitro, com direito a injecções xpto para estimular a formação de poliovários. 35 por cento é a taxa de sucesso de um tratamento que custa perto de 3.500 euros. Isto além dos cerca de mil euros para as injecções que eu própria tenho que ministrar. Eu!!! Que adoro agulhas!!! Fiquei, porém, com a certeza de que são quase indolores e mais simples do que as canetas dos diabéticos.
Mais.
Sei lá. Foram tantas respostas para tantas perguntas. Um turbilhão de impaciências e agora de emoções.
Para amanhã ficou agendada a primeira consulta ginecológica assumidamente de infertilidade. Para amanhã, mais perguntas e respostas. Mais percentagens, números e informações de procedimentos médicos.
Posto isto, estou com medo, assumo. Não o medo da dor ou dos tratamentos, mas do sofrimento. Medo de não ter capacidade para enfrentar uma derrota.
Quero acreditar que não vai ser assim, que tenho forças mais do que suficientes, e que se calhar nem delas vou precisar por não tardar em ser bem sucedida, mas e se não for?
“Neste momento é muito importante apoiar-se no seu marido e ele em si”, aconselhou-me o especialista. Sinto que o fazemos desde que nos conhecemos, desde que nos tornámos as testemunhas da vida um do outro, desde que decidimos ser pais.
Foi isso que ele, o meu marido, me demonstrou hoje quando, do nada, me perguntou: “Já viste que vamos ser pais?”. Era dessa força, dessa certeza que precisava, meu amor. Era precisamente isso.
Nós vamos ser pais. Não pelos métodos convencionais, como todos desejam, mas com a ajuda da ciência. Seja como for, de que maneira for, geraremos uma vida.
É nisso que tenho que pensar e acreditar.
É isso que vai acontecer.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Indumentária especial para ir ao médico?!?

Por causa da consulta informal com o doutor, aperaltei-me mais um bocadinho. Admito. Fi-lo. Não levo galinhas, nem presuntos para o médico, mas arranjei-me melhor. Confesso.
As calças de ganga ficaram no roupeiro, sobretudo aquelas propositadamente meio descosidas e saíram as pretas, as mais clássicas. Sabrinas "animal print", a imitar a pele de tigre, e camisa romântica branca de mangas cavas. Dito assim, parece que estou um lustre, mas não. A coisa até resulta. Acho.
Nos olhos ensonados, eyeliner e risco para melhorar a expressão.
Falhou o cabelo que, por falta de tempo, foi remetido a um simples rabo de cavalo.

E tantos "arranjos" para quê? Não sei bem. Não tenho por hábito esmerar-me em dias de consulta, porém, hoje o meu coração mandou-me fazê-lo.

Ontem, enquanto escolhia a vestimenta, senti-me obrigada a justificar ao meu rapaz a sucessão de trapos que ia tirando do roupeiro. "Amanhã como é dia de consulta tenho que ir mais arranjadinha". "Até parece", respondeu-me, "até parece que normalmente andas um trambolho".
Pronto, a frase não é das mais bonitas, mas a intenção é. E isso basta-me.

Bom fim-de-semana.
(E obrigada pelos comentários)

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Melhor é impossível!

Consulta marcada para amanhã, às 14h30!
Só consigo falar com pontos de exclamação!!!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Quem tem amigos...

Pois com as minhas dúvidas e a vossa ajuda decidi atirar-me ao outlook e enviar um mail a um amigo - dos que estão no rol dos grandes amigos - a quem, apesar da grandeza da nossa amizade, ainda não tinha contado os meus propósitos de vida.
Fi-lo ontem porque não me saía da cabeça aquele velho adágio: "Quem tem vergonha, passa mal". Isto porquê? Porque o rapaz tem um amigo que é médico e que também é dono de uma clínica de ajuda aos que - como nós - têm problemas de fertilidade. Pedi-lhe o favor de meter uma cunha.
A resposta foi rápida e além das piadas académicas - "de ajuda sexual sei que vocês não precisam!!!" -, mostrou que estava disposto a apoiar-nos.
Logo depois, outro mail, dizendo-me que o amigo médico também estava disponível para uma primeira consulta informal.
Aguardamos a data da conversa. Fazêmo-lo em pulgas.
Sinto - daquele sentir bom que dá dorzitas de barriga - que agora a coisa vai.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Um ano e oito meses

De tentativas goradas.
Safa!

Dúvidas


Lembrei-me agora que está mais do que na hora de fazer um novo papanicolau porque o anterior já foi há cerca de um ano. E depois do susto do HPV não é bom facilitar! Como não tenho a agenda aqui no trabalho, decidi procurar o contacto da médica no Google e eis qual não é o meu espanto quando descubro que é dela de quem se fala num fórum. Uma senhora, a que originou o debate, relata o parto e descreve-o como uma diversão só. Em resposta, dois testemunhos de mulheres que tentaram engravidar com a ajuda da dita doutora.

Este é um deles:

Fui durante meses visita assídua à Dra. XXX quando comecei os tratamentos para engravidar do meu filho, era tudo simpatia mas o importante mesmo não resolviam era só marcar consultas de semana a semana, sem qualquer resultado......
Quando resolvemos mudar para outro médico, fizemos todos os exames, detectaram o que nunca a Dra tinha visto e felizmente o meu tesouro está aqui.
Mas é claro que não podem agradar a todos, já passaram 5 anos mas não esqueço a celebre frase da Dra XXX sempre que entravamos no consultório: "Então têm novidades?" As novidades esperavamos ouvir do outro lado.


E este é o outro:

Fui 'cliente' da dr. XXX só durante 1 ano. nunca a senti preocupada ou mais simpatica do que o normal...
Fez-me um tratamento, sem me avisar o que ia fazer, hiper doloroso. Como nao sabia ao que ia, saí de lá a pé, sozinha e tinha de dar uma aula ao fim do dia. Tive dores como ninguem pode imaginar, senti-me mal em casa e tive mesmo de ir dar a aula torcidinha de dores, sem conseguir andar direito.
Nunca tive o telemovel dela e quando finalmente a consegui apanhar uns dias depois disse-me o que tinha feito com 2 grandes 'palavroes', que ainda hoje não consigo reproduzir... não teve paciencia para me explicar - sou leiga na matéria...
Nunca soube resultados de papanicolau ou outros exames...
Acabei por mudar, claro...
Mas ainda bem que não é assim com toda a gente!


Depois disto, é evidente que fiquei apreensiva. Sei bem que a senhora é ginecologista e obstetra e não especialista em fertilidade, no entanto, são os conselhos dela que sigo religiosamente há um ano.
Quem sabe se não tenho (temos) mesmo um problema.

Penso agora nas palavras de dois amigos: Os dois disseram em situações distintas conhecer médicos especializados e que são uns reis Midas da fertilidade...

Sei que tinha prometido que até ao final do ano não recorreria à ajuda da ciência, mas, depois de ler o que li, confesso que fiquei um nadinha preocupada.