No dia em que recebi a informação de que mais uns quantos amigos ficaram sem emprego, ainda encontro um cantinho livre na cabeça que logo ocupo com pensamentos sobre o tratamento e com tudo o que ele implica. O post anterior, telegráfico, foi uma mera formalidade, um picar de ponto neste estabelecimento quando, no fundo, no fundo, tudo o que não foi burocrático ficou por dizer.
Nomes como "punção" e frases como "correr risco de vida", assustaram-me. Assustam-me. E estão lá, naquele protocolo que temos que assinar e entregar no centro de fertilidade. Mas, efectivamente, como já diz o «Gabriel, o Pensador» numa das suas brilhantes músicas, sempre que saímos de casa corremos risco de vida, todos os dias podemos ser apanhados por uma bala perdida.
21 de Janeiro é já na próxima quarta-feira e é nesse dia que vou dar a primeira injecção na famosa prega da barriga ou, se preferirem, no tão-mais-prosaico pneu.
Pelo que li em tempos (e esse é o mal maior desta coisa da internet) já sei que aquilo pouco vai doer, mas deve deixar-me a pele negra. Além disso, no segundo dia do novo ciclo vêm as outras injecções. Antes, ficarão uns 400 sofridos euros na farmácia.
E se tenho medo?
Tenho, claro. Tento tanto medo, quanto ansiedade. Acima de tudo, tenho medo do salto no escuro, do desconhecido, do que aí vem. Talvez por isso prefira não saber mais sobre o assunto e esperar que as coisas aconteçam o mais naturalmente possível num processo artificial de concepção. Ao mesmo tempo apetece-me ir à procura de relatos, de testemunhos, de informação para não ser apanhada na curva. E a este cocktail molotov ainda adiciono um enorme desejo de dar o primeiro passo...
Digamos que, neste momento, sou menina para estar com os nervos à flor da pele!