É sempre boa a sensação que de mim se apodera quando já conto os dias de férias pelos dedos de uma mão. A cabeça só pensa na mala que há que fazer, nos pés enterrados na areia, nas caminhadas, nos banhos de sol e de mar, nos jantares, no cabelo molhado a bater nas costas, nos fins de tarde mágicos, nos longos sonos, nos silêncios relaxados, nos anúncios das gaivotas, no mar a chegar-me aos pés e a fugir, nas conversas, nos namoros, nas estupidezes, nos risos, na pele morena, na paz.
A cabeça podia estar ocupada com outros assuntos – como este que me traz aqui –, mas está longe. Estranhamente, a cabeça está a borrifar-se para tratamentos, contagens, testes, temperaturas, para as barrigas e para os bebés dos outros. Estranhamente, a cabeça tem-me dado sinais de que se sente feliz assim. Há um ano, seis meses, duas semanas e seis dias que tal não acontecia. Faltava aquilo.
Estranhamente, agora não falta. Dizem que é nos momentos em que se relaxa que a coisa vai. Honestamente, não me preocupa. Sinceramente, nem sei se estou disposta a pensar muito mais nisto dos Dufines, dos Folicis e das vitaminas... Nem sei se estarei alguma vez disposta a passar por novas provações. Como diz o poeta: O que for, será. E para já o que vai ser é uma pausa de duas semanas.