Sei lá como me sinto, a não ser que sei que sinto, de vez em quando, uma tristeza muito grande por não pertencer à fasquia maioritária dos portugueses em matéria de fertilidade. Dou comigo a olhar para os outros e a pensar por que razão sou diferente deles, por que razão tinha de calhar nessa excepção que são os 500 mil casais que não conseguem ter filhos.
É muito difícil prosseguir neste teatro de guerra em que sabemos de antemão que nós, pelos nossos próprios meios, não somos suficientes para vencer.
"É uma lança em África", como há um ano nos disse o médico. Mas, pelos vistos, nem com a ajuda da ciência conseguimos disparar uma chuva de lanças sobre o nosso alvo. Nada. À segunda tentativa andámos lá perto, mas ficámo-nos por isso. Agora é preciso recomeçar tudo. Tudo.
Recomeçaremos. As vezes que nos forem possíveis.
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Há 9 anos
6 comentários:
Amiga, já tinha passado várias vezes por aqui, para saber como te sentes. Estes períodos pós-negativo são muito complicados...bem sei.
Li uma história muito inspiradora no blogue a jornalista brasileira Claudia Collucci (http://claudiacollucci.blog.uol.com.br/), que tal como nós sofre de infertilidade. Tomo a ousadia de a transpor para aqui. É um bocadinho longa, mas sem dúvida uma lição muito sábia. Espero que te ajude a encarar mais este episódio da vida com força e determinação. Eu quando estou mais em baixo vou relê-la e tem-me ajudado muito.
Um beijinho...e desculpa o abuso de espaço...
Nesse período, tenho lembrado muito de uma antiga história chinesa, que diz respeito ao karma e relata mais ou menos o seguinte:
No tempos medievais vivia na China um velho camponês que tinha um cavalo fraco e cansado no qual atrelava o arado para trabalhar no seu pequeno pedaço de terra. Um dia o cavalo doente fugiu para as montanhas. Os vizinhos se solidarizaram: "Que má sorte!", repetiam lamentando. "Má sorte? Boa sorte? Quem pode dizer?", respondia o velho camponês.
Uma semana mais tarde, o cavalo voltou acompanhado de outros cavalos selvagens das montanhas. Os vizinhos apareceram para ver e, reunidos em torno do camponês, dessa vez se alegraram com sua boa sorte. A resposta, no entanto, foi a mesma: "Boa sorte? Má sorte? Quem pode dizer?"
Algum tempo depois, enquanto tentava domar um dos cavalos selvagens, o único filho do camponês sofreu uma queda e quebrou a perna. Todos consideraram um sinal de má sorte. "Má sorte? Boa sorte? Quem poderá dizer?", repetia o ancião.
Semanas mais tarde, o exército do imperador marchou pelo vilarejo convocando todos os homens jovens e saudáveis para se alistar, mas o filho do camponês, na cama com a perna quebrada, foi deixado para trás. Boa sorte? Má sorte? Quem poderá saber?
O budismo nos ensina que, em vez de querer rotular os fatos consumados como bons ou ruins, o mais importante é encará-los e se preocupar principalmente com a qualidade da resposta que vamos dar a eles. As coisas são como são, é a nossa reação que vai perpetuar ou minimizar as causas de sofrimentos futuros. Se não temos controle sobre o que chega a nós, temos escolha sobre o que lançamos no mundo.
Querer ser mãe e os desafios que tenho encontrado me fizeram entender melhor o conceito da compaixão, que é muito diferente de pena. Sentir pena implica um distanciamento, é estar de fora olhando a dor alheia lá e a gente aqui, passivamente. Na compaixão existe uma empatia, reconhecemos a dor do outro como nossa e não queremos fugir dali, ao contrário, nos sentimos mobilizados a fazer alguma coisa para acabar com aquele sofrimento.
bonita aqui:
Nem consigo imaginar como te deves sentir... Faz uma pausa, tenta abstrair-te desse problema, recupara as forças juntamente com o teu marido. Ontem ao telefone, uma amiga dizia-me que devemos começar logo a tomar a pilula semanas a seguir ao parto, e eu lembrei-a que continuamos a ser um casal infertil, e vamos ser sempre. Tivemos sorte de acertar o Euromilhoes, como me disse o medico, também à 1 ano, mas a doença vai fazer sempre parte de nós. É importante acreditares nessa lança em Africa, porque por mais dificil que seja, não é impossivel. Bjokas grandes e Muita força
Tenho passado pelo teu blog e tenho lido os teus desabafos.
Só te posso dizer CORAGEM.. Há sempre uma luz ao fundo do tunel!!
Não Desistir!!..
Uma grd Bjca..Bom FDS!!..
Não é justo... é revoltante, cada negativo cai em nós forte e leva-nos ao fundo...
Não há palavras, todas parecem não fazer sentido...
Sinto-me triste por ti, por todas as meninas que ainda não conseguiram a realização deste sonho...
A infertilidade marca-nos para a vida toda... nunca vou esquecer aquilo por qque passei, nunca vou esquecer tudo o que sofri para ter o meu filho no ventre agora...se valeu a pena? claro que valeu...mas não me digam que se esquece... doi muito... doi muito sempre que uma amiga recebe um negativo, sempre que nos cruzamos com mais algum obstáculo, o medo nunca passa, o medo do sonho acabar, o medo...
Nada mais posso fazer a não ser torcer por todas, rezar, pedir muito, tanto...
estou aqui...
muitos, muitos beijinhos.
Mar, a única coisa que te posso dizer é que os nossos pensamentos estão contigo. É uma luta intensa e injusta, mas vencerás!
Um beijinho,
Sweet
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