quinta-feira, 6 de março de 2008

Cá vai...

Chegados à hora certa, ansiosos, esperámos um bom bocado para sermos atendidos.
O Joca, por causa do trabalho amontoado que tinha deixado e do adiantado da hora ia deitando os bofes pela boca, enquanto cruzava e descruzava as pernas, virava as páginas das revistas cor-de-rosa ou analisava a arte que se espalhava pelas paredes. Eu, como já sabia que a doutora nunca atende a horas, nem mesmo nas primeiras consultas da tarde, deixei-me estar aparentemente descansada a folhear as publicações com as novidades de nuestros hermanos.
Às 15h20, mais coisa, menos coisa, foi a própria médica quem, com um sorriso, me chamou. Respondemos entrando para o gabinete e esperando que ela chegasse. Chegou.
- Então?
- Nunca tinha trazido o meu marido...
- Pois não.
- ... mas desta vez veio comigo. É que, sôtora, estamos a tentar há um ano e ainda não conseguimos.
- Já há um ano? Hmmm.
- Sim, desde Janeiro do ano passado.
- Isto às vezes parece fácil, não é?
- É (em coro)
- Parece que umas conseguem engravidar de olhos fechados e outras não.
- Pois é.
- Isto é mais complicado do que se pensa.
E assim começámos uma amena cavaqueira que transformou um assunto complicado num tema simples e até agradável de discutir.
Pois bem. Ficámos a saber que as mulheres podem não ovular todos os meses, que há as que passam por essa fase apenas sete vezes ao ano. (Não fazia ideia)
Disse-nos também que os homens devem evitar os sobreaquecimentos no entre-pernas, sugerindo ao meu que deixasse, de vez em quando, a cadeira do escritório para se esticar um pouco. A propósito disso, ficámos a saber que os camionistas têm elevadas taxas de infertilidade, assim como têm também aumentado as percentagens de homens com problemas desse nível devido aos computadores portáteis que pousam no colo. (Meninas, tratem de proteger os vossos queridos!)
Mais: Aconselhou-nos a "ter relações" sobretudo no período fértil, para que aquilo que sai dele e entra em mim ganhe mais força. E dia sim, dia não. (Ou seja, nada de andar por aí a gastar "munições" a torto e a direito)
Acrescentou que devo estar atenta ao muco (o romântico visco!), alertando-me para o facto de que, quando está com a consistência de uma clara de ovo, elástica, é quando puxa os espermatozóides para o sítio certo, e que quando está pegajoso, escorraça-os. (Estamos ou não sempre a aprender?)
Propostas lúdicas também as houve: Sugeriu que, de vez em quando, saíssemos ao fim-de-semana para desanuviar.
O resto – minhas queridas, meu queridos – foi ciência.
A saber: Vou ter que fazer uma coisa cujo nome me soou muito estranho no início, mas que já aprendi a dizer em voz alta: histerosalpingografia. Histero-salpingo-grafia, assim é mais fácil. Ao que parece, é uma radiografia ao colo do útero. Dói? Acho que sim, como uma cólica menstrual forte. A médica sugeriu que tomasse uma pastilha para as dores (como um Trifene ou um Benuron) antes do exame e outra depois.
De resto, vitaminas durante dois meses, ácido fólico nos outros dois e começar já com testes de ovulação (são digitais, dão para sete dias, não são recarregáveis e custam cerca de 35 euros) dia sim, dia não.
O Joquita, como seria de esperar, vai dar a mãozinha ao manifesto para posterior análise aos bichinhos dele. E, como se não bastasse, ainda temos de levar com o peso da abstinência nos três dias que antecedem o exame.
Entretanto, liguei para o laboratório de análises e disseram-me que a histerosalpingografia (já digo isto com relativa rapidez e ar doutoral) só se pode fazer nos primeiros dez dias logo a seguir ao período. Por isso, no final do mês, aí vou eu.
O meu rapaz também já marcou o espermograma para dia 31.
Depois disso, é esperar para ver.
Entretanto, vamos fazendo pela vida. Literalmente.

4 comentários:

Anónimo disse...

É certo que preferia ir trabalhar, nesse dia, com um sorriso motivado por outros manifestos. Mas o que tem de ser, tem muita força, lá diz o "pobôm".
Quim, ou Joca

Ana disse...

Por momentos pensei que tivesses trocado de marido. Não vale a pena... antes do espermograma! eheh ;)

O importante é que ainda não estão dependentes da ciência (e mesmo essa situação não é irresolúvel).

Quanto à história do muco, espreita o "Semana Zero" que ela explica por palavras simples como é que conseguiu começar a distinguir alguma coisa.

Mar disse...

Não trocaria de marido por nada. Quer dizer, por um Bradzito ainda podiamos pensar... Mas, só o nome mudou. É aquele pelo qual o trato carinhosamente. Vou espreitar o blog que me recomendas. Obrigada novamente e força aí!

J. disse...

Algumas coisas já sabia agora essa do muco, devo confessar que me faz um bicado de impressão.
Mas tenho de começar a ver isso!
Quem não arrisca não petisca!