sexta-feira, 6 de março de 2009

Finalmente

Estou de volta para esvaziar um bocadinho este enorme saco de sentimentos.
A semana começou como eu já esperava, com aquele negativo que vocês sabem, mas teve desenvolvimentos. Não foi o resultado do teste quem me atirou abaixo, mas sim o mais importante que à minha volta se desmoronava sem que me desse conta.
Sem que me apercebesse, a principal testemunha da minha vida, a pessoa mais importante da minha existência, o homem que escolhi para me acompanhar até ao fim dos meus dias - e apesar de nunca deixar de sê-lo -, conseguiu esconder-me a enorme dor que sentia. Ao fim de todo este tempo consegui virá-lo do avesso e lamber-lhe as feridas. Finalmente, descobri-lhe a dor imensa que tanto lhe causa a morte do pai, o ardor de raiva daquela chaga do despedimento, as comichões de ansiedade da nova profissão e as espetadelas no coração causadas pelo medo de não poder ser pai. Encontrei isto tudo lá dentro, escondido de mim, demasiado distraída que andava com as nossas intenções procriativas.
Desculpa, meu amor. Desculpa se não te disse tantas vezes quantas devia que te amava. Desculpa se não te protegi dessa mágoa. Desculpa se não te abracei mais. Desculpa se me esqueci de nós. Desculpa se só agora te encontrei nesse poço fundo. Desculpa se só agora deixei que te caíssem as lágrimas.
Foi bom ter-te encontrado novamente, meu amor. Foi bom voltar a sentir o meu coração a bater forte com o teu beijo. É tão bom ter-te comigo e é melhor ainda saber que vais ficar.
És tudo para mim.

4 comentários:

Ana disse...

É tão fácil centrarmo-nos no nosso umbigo e esquecermos quem está mesmo ao lado...

(diz quem agora nem umbigo tem a quem também terá um umbigo a menos para que os dois tenham depois um a mais!!)

Bom fim de semana a(os) dois.

Dali disse...

ah menina... são tantas coisas que passamos quando começamos os tratamentos...
Em um dia nossos olhos brilham, imaginamos o rostinho, o quarto arrumado, o que será: menino ou menina? e enfim, um monte de boas emoções, expectativas, esperança...
e então, em questão de um minuto, tudo muda. O negativo bate-nos na cara, o quartinho da imaginação desaparece, o rostinho, os sonhos e ficam apenas as dúvidas, as perguntas que jamais devemos fazer (por que? por que comigo? por que com ele? por que conosco?) e um abismo se abre diante de nós.
Nós choramos, escrevemos, contamos para as amigas... mas eles não... eles guardam, se ressentem, não desabafam...
Acho que a dor é tremenda para os dois e vc não o deixou de lado, nem deixou de perceber nada... vcs dois estavam vivendo os mesmos sentimentos, porém ele de forma mais reservada e então, um dia isso veio à tona.
Agora é hora dos dois darem as mãos, olharem-se nos olhos e encontrarem um no outro a força que precisam...

Raquel disse...

Numa relação, no meio dos outros objectivos e rotinas, é muito mais fácil do que pensamos perdermo-nos de nós e daquela pessoa que está sempre ali.

Ainda bem que se encontraram de novo.

Bjs

Susana Rodrigues disse...

Que linda carta de amor :) Como tu... (beijinho e obrigada pelas palavras no post seguinte)